Wladyslaw Strzeminski
Veredas que se abrem
Luciano Siqueira
Na correlação de forças oriunda do último pleito, adversa ao campo democrático, o governo Bolsonaro se beneficia de uma expectativa ainda positiva de parte da maioria da população. O que é normal em todo início de governo.
Luciano Siqueira
Na correlação de forças oriunda do último pleito, adversa ao campo democrático, o governo Bolsonaro se beneficia de uma expectativa ainda positiva de parte da maioria da população. O que é normal em todo início de governo.
Prestes a fazer dois meses, entretanto,
o próprio Planalto abre veredas por onde a oposição pode caminhar numa intensa
e prolongada luta destinada a reverter a situação, adiante.
As trapalhadas que se sucedem
envolvendo o clã familiar, ministros como o da Educação, o das Relações
Exteriores, o do Meio Ambiente, a da Mulher e Direitos Humanos, o da Saúde, o
ex-ministro Bebianno e o próprio presidente e seu partido, o PSL, o chamuscam e
o enfraquecem.
Foi preciso que uma trinca de generais
(segundo se noticia), ocupantes de postos na Esplanada dos Ministérios, tenha advertido
o presidente das conseqüências negativas do rasteiro quiproquó com o
ex-ministro Bebianno, via WhatsApp e Twitter, para que se tivesse o desenlace
da briga.
Concomitantemente, o governo
recebeu da Câmara o primeiro sinal de descontentamento em relação ao modo precário
como se relaciona o Planalto com sua base parlamentar, derrotando-o na propositura
que alargava a escalões intermediários o poder de tornar secretos e inacessíveis
documentos públicos.
O ministro-chefe
da Casa Civil, Onyx Lorenzoni e o deputado líder
do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO) parecem sofrer crescente
rejeição da parte das legendas aliadas e do próprio PSL.
Agora, com a apresentação da PEC da
Previdência, com pompa e circunstância, tendo o presidente atravessado a Praça
dos Três Poderes e levado o documento em mãos aos presidentes da Câmara e do
Senado, aos olhos dos brasileiros e brasileiros que sobrevivem do próprio
trabalho, enfim, o governo começa a mostrar a sua cara.
Se na campanha eleitoral Bolsonaro
jamais apresentou um programa, nem disse com clareza suas intenções (nefastas)
em relação à soberania nacional e aos direitos fundamentais do povo, agora com o
ataque à Previdência Pública — sistema de proteção social respeitado no mundo
monteiro — passa a dizer, com clareza, a que veio.
Este é um mote concreto, imediato,
de grande ressonância na opinião pública que se oferece à oposição.
Por aí é possível avançar na
resistência popular e democrática, desde que se supere a divisão, que ainda
persiste; e se lute com os pés no chão, se ultrapasse os limites da denúncia e
do humor crítico e se chegue junto ao povo com o esclarecimento didático e
compreensível acerca das iniciativas do governo.
ü
Acesse e se
inscreva no canal ‘Luciano Siqueira
opina’,
Nenhum comentário:
Postar um comentário