24 fevereiro 2019

Futebol brasileiro: desafios


Heraldo Pereira
Profissionais, de todas as áreas, e todos nós precisamos evoluir
Falam na pulverização das transmissões, em vários tipos de mídia. É o novo mundo, o da internet
Tostão, na Folha de S. Paulo

As principais partidas da Liga dos Campeões da Europa têm sido transmitidas somente pelo Facebook.
Dizem que, brevemente, será assim em vários campeonatos. Entendidos falam que haverá, progressivamente, uma pulverização das transmissões, em vários tipos de mídia. É o novo mundo, o da internet, bom e ruim.
Como meu celular só serve para fazer e receber ligações, assisti ao jogo entre Atlético de Madri e Juventus na casa de meu filho. O time espanhol, que transborda de emoção, ganhou, merecidamente, por 2 a 0. Dificilmente, mesmo com Cristiano Ronaldo, o time italiano vai conseguir a classificação. O VAR foi decisivo e justo, nessa partida e também na entre Schalke 04 e Manchester City. É o novo mundo, o da tecnologia no futebol.
Qualquer dia, vou receber uma mensagem de que meu celular não funciona mais, que deveria doá-lo a um museu e que, se eu não aderir à tecnologia, serei expulso do mundo.
O futebol brasileiro precisa evoluir, dentro e fora de campo. Até a CBF já percebeu isso, ao propor a limitação da troca de apenas um técnico por clube durante o Brasileiro e também a presença do VAR, pago por ela. São bem-vindas.
No Brasil, há muita gente trabalhando no futebol, fora da realidade e/ou na mentira. Clubes, dirigentes e marqueteiros contratam jogadores medianos como se fossem bons e bons como se fossem craques. O torcedor, consumidor, é enganado. Ele cria uma expectativa imensa e se decepciona nas primeiras derrotas.
As avaliações dos jogadores, das equipes e dos treinadores passam, rapidamente, da euforia à depressão. 
Os técnicos, em vez de se lambuzarem com enormes salários, deveriam lutar por vencimentos menores e por mais estabilidade. A supervalorização dos treinadores é uma das razões de tantas trocas, pois, nas derrotas, há sempre a ilusão de que faltou o dedo do técnico, uma mágica ação.
A imprensa precisa também evoluir. Nos programas esportivos, são cada vez mais frequentes as enquetes e as comparações sobre tudo, para saber quem foi melhor. 
Algumas preferências dos telespectadores e dos jornalistas são esdrúxulas, explicadas somente pelo clubismo, pelo bairrismo, pelo ufanismo e pelo aumento da audiência. São poucas as discussões aprofundadas e as matérias investigativas.
Quando critico, não pense que me acho o sabichão. Sou um esforçado colunista, metido a entender de futebol. Sou mais crítico com o que escrevo do que com o que os outros fazem. Antes de ser um colunista, sou um leitor, telespectador, que quer também dar minha opinião e minhas preferências.
Não perco e aprendo com alguns programas esportivos, como o Redação SporTV, comandado por Marcelo Barreto, e o Linha de Passe, da ESPN Brasil. Gosto também das amplas e contundentes análises, que vão além do jogo, de Juca Kfouri, Mauro Cézar Pereira, PVC, Antero Greco e Carlos Eduardo Mansur, com os comentários técnicos e táticos do jovem Rafael Oliveira e do professor Calçade e com as transmissões ao vivo dos narradores Milton Leite e Cléber Machado.
Profissionais, de todas as áreas, e todos nós precisamos evoluir. Os seres humanos, tolerantes, justos, extremamente inteligentes, independentes nas análises e condutas, pragmáticos e, ao mesmo tempo, sonhadores, com bom senso, parecem caminhar para a extinção. Serão substituídos por robôs, pela inteligência artificial? É uma esperança.
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