Tudo
muda. Até o Galo da Madrugada
Luciano Siqueira
Uma alegoria de sete toneladas
e vinte e oito metros de altura permanece sobre a Ponte Duarte Coelho, no
Recife, durante o Carnaval. É o imponente Galo da Madrugada, símbolo do imenso
bloco de rua que reúne uma infinidade de trios elétricos e algumas centenas de milhares
de foliões, no sábado de Momo, no Recife.
Devia ser uma unanimidade, mas
não é. Nos últimos anos, a concepção, a estrutura e as feições estéticas do
imenso galo suscitam polêmicas. No pomo da discórdia, a “modernização” do dito
cujo.
O carnaval é uma festa criativa
por natureza, em todos os sentidos. Mas muita gente põe água no chope dos que
ousam recriar a imensa alegoria.
Assim parece ser também a
batalha eleitoral, que este ano se dará em outubro próximo. Mudam o mundo e o
Brasil, a própria legislação eleitoral muda (agora proíbe coligações partidárias
na disputa de vagas para as Câmaras Municipais), multiplicam-se os meios de
comunicação sob o impulso da mídia digital...
Por que se insiste nas velhas fórmulas,
no lenga lenga dos balões de ensaio enquanto não vem a quarta-feira de cinzas para
devolver ao baú das ilusões as fantasias de vários?
Por que a permanência dos
mesmos métodos e formas de campanha?
Ora, sob a onda conservadora,
de feição fascistoide, vitoriosa no pleito geral de outubro de 2018, às forças
do campo democrático se impõe o desafio de acumular agora os meios subjetivos e
objetivos para que possam, em 2022, arrostar a extrema direita e redirecionarem
os rumos do País.
Essa empreitada, assim
enunciada, por si só exige dos partidos e dos atores mais proeminentes na cena
política descortino e bom senso, bases da necessária impetuosidade na batalha
propriamente dita.
Unir forças é a pedra de toque.
Mesmo nos municípios onde a ocorrência de dois turnos possibilita maior flexibilidade
tática, dando azo a que projetos partidários específicos possam se expressar
com maior nitidez através de candidaturas próprias ao Executivo.
Também há que se contornar e
superar a mercantilização do voto nas extensas áreas urbanas mais empobrecidas.
A comunicação digital instantânea combinada com o corpo a corpo focado na
conquista da consciência e do afeto do eleitor podem ensejar que candidatos e
candidatas à vereança venham a alcançar êxitos significativos e vencerem o clientelismo
viciado.
Assim como a alegoria do Galo
da Madrugada, inovar é preciso – particularmente entre as forças que se batem
na resistência democrática.
[Ilustração: Galo da Mdrugada 2020 concebido pelo artista plástico Leopoldo Nóbrega]
Acesse o canal ‘Luciano Siqueira opina’, no YouTube https://bit.ly/36EAsiX e leia mais sobre temas da atualidade: https://bit.ly/2Jl5xwF
Nenhum comentário:
Postar um comentário