Paulo Guedes vende o Brasil em Davos ao abrir mercado de compras
Portal Vermelho
Ao implodir a indústria de infraestrutura nacional, a operação Lava Jato
comandada por Sérgio Moro “limpou a área” para a atuação das empreiteiras
estrangeiras.
“Brasil promete abrir mercado de
compras do governo a estrangeiros” é chamada de matéria do jornal Valor
Econômico. Segundo o jornal, o ministro Paulo Guedes pretende aproveitar a
presença de investidores em Davos para efetuar o anúncio da iniciativa. A medida
antinacional é a coroação do projeto de destruição e inviabilização do Brasil
iniciado com a Operação Lava Jato.
O
mercado de compras governamentais representa cerca de 12, 5% do PIB brasileiro,
segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O Brasil e outros
países usam esse mercado para estimular empresas nacionais. Com essa abertura,
empresas estrangeiras abocanharão grande parte desse mercado, aumentando o
desemprego e a informalidade.
A
iniciativa de abrir o mercado das compras públicas aos estrangeiros é inédita,
segundo o Valor. Ao aderir ao acordo GPA (Government Procurement Agreement), o
Brasil passa a dar o mesmo tratamento às empresas nacionais e estrangeiras. Se
adotada, a política do ministro Paulo Guedes inviabilizará qualquer projeto
nacional de desenvolvimento industrial.
Ao
implodir a indústria de infraestrutura nacional, a operação comandada por
Sérgio Moro “limpou a área” do mercado nacional para a atuação das empreiteiras
estrangeiras. Em agosto de 2019, o governo Jair Bolsonaro assinou um protocolo
com os Estados Unidos para abrir o segmento de infraestrutura às empresas
norte-americanas. Semelhante à lógica adotada no Iraque pós-guerra, o memorando
foi assinado com secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross.
Antes
da Lava Jato, as empreiteiras nacionais ocupavam 2,5% do mercado mundial do
setor, com a Odebrecht vencendo concorrências internacionais, inclusive nos
EUA. As empreiteiras nacionais responderam, historicamente, por metade da
formação bruta de capital fixo do país – indicador que mede a capacidade
produtiva nacional. A posição adotada pelo governo Bolsonaro aprofunda a
política de desnacionalização que orientou o golpe de Estado, em 2016.
Negação histórica
A
medida também contraria apostas históricas de promoção de conteúdo local para
promover a indústria nacional. Nos anos setenta, legislação adotada pelo
presidente Ernesto Geisel permitia que a Petrobras comprasse produtos de
empresas nacionais até pelo dobro do preço externo. Nos governos Lula e Dilma,
a política de “conteúdo local” estimulou as cadeias de petróleo e gás e a
indústria da construção civil. O Plano Brasil Maior, por exemplo, concedia
preferência de até 25% a produtos nacionais em licitações nas áreas de defesa,
medicamentos, maquinário e têxteis, como uniformes fornecidos às Forças
Armadas.
Experiência do Iraque
No
caso do Iraque, após a destruição da infraestrutura do país, as empreiteiras
norte-americanas ocuparam o mercado local. Em abril de 2003, a BBC noticiava
que “empresa dos EUA fatura contrato para reconstruir Iraque”. A premiada era a
empreiteira Bechtel, o quinto contrato fechado pela Agência Internacional de
Desenvolvimento dos Estados Unidos (USAIDS). Por um valor de até US$ 680
milhões, a empresa se encarregava de reconstruir usinas, redes de água e
esgoto, escolas, hospitais e prédios do governo. (PT
no Senado).
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