03 janeiro 2020

Razão política do crime


Trump repete estratégia usada por Clinton há 22 anos
Democrata iniciou operação Raposa do Deserto enquanto seu impeachment era votado; ataque de Trump matou cérebro da estratégia militar iraniana
Jornal GGN

O Pentágono confirmou que o ataque com drone no Iraque nesta quinta-feira (02) foi efetuado a mando do presidente norte-americano Donald Trump. O ataque realizado em Bagdá matou Qassem Soleimani, chefe de uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã e um dos homens mais poderosos do país.
Em nota, o Pentágono afirma que Soleimani foi responsável pela morte de muitos norte-americanos e que o objetivo foi deter planos de futuros ataques iranianos. Qassem Soleimani era general da Força Al Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã e considerado o cérebro da estratégia militar e geopolítica do país, além de ser muito próximo do aiatolá Ali Khamenei.
O ataque acontece em meio ao andamento do processo de impeachment de Trump, que já foi aprovado pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. Os deputados aprovaram dois artigos para a cassação do republicano, um por abuso de poder e outro por obstrução ao Congresso. Trump é o terceiro presidente norte-americano a passar pelo processo.
Contudo, não se pode dizer que esse plano é inédito. Outro presidente norte-americano também atacou o Oriente Médio enquanto enfrentava um processo de impeachment: em 1998, o democrata Bill Clinton estava em seu segundo mandato após ser reeleito, e foi acusado de cometer perjúrio, obstrução de Justiça e abuso de poder.
As investigações começaram por suspeitas sobre negócios imobiliários e acabaram incluindo o relacionamento extraconjugal do presidente com a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky. A ação de abuso sexual movida por Paula Jones aumentou a tensão na época.
Às vésperas da votação do impeachment na Câmara dos Representantes, Clinton anunciou um ataque militar contra o Iraque. Denominada “Raposa do Deserto”, a operação bombardeou Bagdá e regiões ao norte e ao sul do Iraque.
O ataque foi ordenado por Clinton em retaliação à falta de cooperação do regime de Saddam Hussein com inspetores de desarmamento da ONU (Organização das Nações Unidas). Os iraquianos rebateram dizendo que os fiscais da entidade estavam fazendo “espionagem” para o serviço de inteligência norte-americano.
A operação Raposa do Deserto foi a maior ofensiva militar contra o Iraque desde a Guerra do Golfo: durante 70 horas, o país foi alvo de bombardeios e mísseis que destruíram instalações militares e civis. Segundo o governo iraquiano, 70 pessoas morreram neste ataque. A campanha tinha sido prevista desde fevereiro de 1998, e foi realizada com grandes críticas e apoio tanto nos EUA quanto no exterior.
A votação do processo de Clinton acabou sendo adiada por conta do ataque. Ao final do processo, o democrata foi absolvido pelo Senado em 12 de fevereiro de 1999: 50 senadores (de 100) votaram pela acusação de obstrução e 45 pela acusação de perjúrio.
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