31 agosto 2006

A TV e o voto

Na Folha de São Paulo de hoje são divulgados dados da última pesquisa Datafolha a propósito da influência do programa eleitoral gratuito na TV sobre o comportamento dos eleitores.

A pesquisa revela que 6% dos eleitores do país dizem ter mudado o voto por causa do horário eleitoral. Dos 43% dos votantes que assistiram os programas na TV e têm um candidato, a maioria (37%) não mudou o voto.

Dos atuais eleitores de Geraldo Alckmin (PSDB), 11% declararam ter mudado o voto com o horário eleitoral. Como Alckmin tem 27% de intenções de voto, esses 11% correspondem a três pontos percentuais. Desde o início da campanha na TV, em 15 de agosto, Alckmin ganhou precisamente três pontos percentuais: tinha 24% na pesquisa realizada nos dias 7 e 8 de agosto, e passou para 27% no levantamento do dia 29. Em contraste com o desempenho do tucano, apenas 2% dos eleitores que declaram voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizem ter mudado o voto em razão do horário eleitoral. Como Lula tem 50% das intenções de voto, esses 2% correspondem a um ganho de um ponto percentual. Como Lula conquistou três pontos percentuais após o início do horário eleitoral (ele passou de 47% para 50%), constata-se que este lhe acrescentou menos votos que outras modalidades de convencimento do eleitor.

Na modesta opinião desse amigo de vocês, não se deve analisar nenhum fenômeno dissociado do contexto em que acontece. É errado aferir a influência da TV sobre os eleitores, e sobre a disputa eleitoral como um todo, sem considerar muitas outras variáveis. Por exemplo: dos 43% dos que dizem assistir os programas, grande parte é formada por gente que se alimenta de argumentos por essa via e se sente estimulada a participar da luta e a buscar o voto junto ao conjunto do eleitorado. E esse é sem dúvida um fator importante nas campanhas.

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