No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Da Nação e dos lobos
. A notícia é da EFE, a principal agência de notícias espanhola e a quarta maior do mundo. Ela informa em seu boletim de 30 de março passado que uma ONG composta por cientistas espanhóis vai comprar mais de cem mil hectares na Amazônia e criar uma reserva natural que seria administrada por indígenas.
. O porta-voz da entidade não governamental é o pesquisador Javier Lobón de um tal de Conselho Superior de Pesquisas Científicas e membro da ONG Manguaré.
. Segundo os responsáveis pela empreitada a referida reserva ficará entre a cidade colombiana de Letícia, o parque nacional de Amacayacu, situado na fronteira com o Brasil e o Peru, e às margens do rio Amazonas. A região onde está prevista a criação da reserva possui cento e dez espécies de mamíferos e quinhentas de aves.
. Além da preocupação para com os animais, há um forte empenho com a preservação do ecossistema e um denodado esforço na conservação de indígenas em suas condições antropológicas naturais, sem interferências da civilização.
. Essa história toda me faz lembrar do velho e querido professor João Teixeira, que ensinava Direito Penal na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Alagoas.. Durante os anos de chumbo do regime de arbítrio, quando nos intervalos das aulas, nós os alunos ficávamos em um corredor à espera da próxima matéria, ele passava por nós com seu andar meio gingado, chapéu Panamá e terno de linho branco, vestimenta da qual jamais abriu mão.
. Em uma época cavernosa como aquela, cheia de perigos e informantes assalariados, seus alunos o cumprimentavam: tudo bem, não é professor? Ele respondia invariavelmente, assim diz o governo, meus filhos. Nós replicávamos, e temos que concordar não é professor?
. No que ele sempre parava, voltava-se e declarava: Não, e eu acredito como se fosse verdade! Era uma deliciosa cumplicidade coletiva da qual nunca me esqueci. Já não são mais necessários eufemismos para assuntos atuais tão graves quanto aqueles nos idos de 1970 ou 1971.
. O Brasil precisa sair dessa tenebrosa crise econômica, retomando o desenvolvimento, aprofundando a inclusão social, reorientando um modelo econômico e político favorável à sociedade e aos trabalhadores. Mas há uma questão estratégica central nisso tudo, a defesa da nação brasileira gravemente ameaçada.
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