28 maio 2009

Ainda sobre as homenagens ao Padre Henrique

Jornal do Commercio:
Ministro Paulo Vannuchi aproveita ato lembrando os 40 anos da morte do sacerdote para rebater provocação do deputado de extrema-direita Jair Bolsonaro
. Os detalhes do crime que levou à morte padre Henrique, há 40 anos, ainda não foram esclarecidos. Isso foi lamentado, ontem, na passagem dos 40 anos do crime, quando não faltaram homenagens ao sacerdote. Na Câmara Municipal do Recife, houve sessão solene e entrega da medalha José Mariano à irmã dele, Isaíras Padovan. O grupo, liderado pelas secretarias de Direitos Humanos da Presidência da República e da Prefeitura do Recife, também visitou a Escola Municipal Padre Henrique, no Derby, e inaugurou escultura ao lado do monumento Tortura Nunca Mais, em Santo Amaro. O ministro de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, participou da comitiva.
. Para Vannuchi, os atos de ontem reforçaram o trabalho defendido pelo governo federal de resgatar e valorizar a memória daqueles que enfrentaram o regime repressivo. “Os estudantes confiarão mais no Brasil quando souberem que quem cometeu crimes foi punido”, disse, em defesa contundente ao estabelecimento de punições aos torturadores. Ele também fez críticas à postura do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), um radical de extrema-direita que é contrário às investigações sobre os desaparecidos da guerrilha do Araguaia e afixou na porta do seu gabinete, no Congresso, uma faixa com a frase: “Quem gosta de osso é cachorro”. O ministro classificou de “canalha” esse tipo de postura.
. Na Câmara Municipal, a solenidade emocionou vários presentes. A sessão foi realizada sob a liderança de dois políticos de gerações distintas. De acordo com Luciano Siqueira (PCdoB), o evento marcava o encontro do “militante de cabelos brancos”, como se autodefiniu, e a “juventude” da vereadora Marília Arraes (PSB), nascida às vésperas da redemocratização. Os dois presidiram a solenidade.
. Siqueira também lembrou que, com a entrega da medalha José Mariano a Isaíras Padovan, figuras que elegeram a liberdade como fundamento uniam-se. “José Mariano, nascido no berço de ouro da aristocracia, foi um paladino na luta contra a escravidão. Já o padre, discípulo de dom Helder Câmara, aproximava as pessoas, as gerações”. Marília, que é a mais jovem parlamentar da Casa, lembrou a importância da atuação dos jovens. “Ainda temos muito para conquistar”, disse.
. Nascido no Recife, em 1940, padre Henrique desenvolveu atividades junto ao então arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Câmara. Professor, ensinou em algumas instituições religiosas de ensino, como os colégios Marista e Nóbrega. Ordenado aos 25 anos, tinha proximidade com os jovens e era contrário aos métodos repressivos utilizados pela ditadura militar. Na noite de 26 de maio de 1969, foi sequestrado no Parnamirim. No dia seguinte, foi encontrado morto na Cidade Universitária.

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