No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Uma potência ambiental
Nos últimos tempos o Brasil ganhou uma expressão que procura caracterizar o seu futuro, a sua vocação econômica: uma potência ambiental. E essa máxima assumiu tal dimensão na sociedade, em alguns segmentos políticos, setores da intelectualidade, que fica parecendo algo inquestionável, um determinismo da natureza e da própria História.
No entanto, é preciso observar bem de perto o que realmente significa esse prognóstico “inquestionável” e quem o vem divulgando maciçamente a nível global e no Brasil como se fosse uma corrida contra o tempo para se conquistar os corações e as mentes da opinião pública mundial, especialmente do povo brasileiro.
Em primeiro lugar é importante ressaltar que o nosso País já é efetivamente uma potência ambiental, porque tem mais de 60% do seu território com cobertura original, sem falar dos diversos tipos de áreas de proteção públicas e privadas, com preservação integral ou de uso sustentável.
O que não acontece com as nações do primeiro mundo porque elas ou não possuem reservas legais ou se as possuem, são absurdamente ridículas, mesmo se comparadas proporcionalmente aos seus respectivos territórios.
Para realmente se entender o que está por trás dessa nova alcunha ao País é sempre importante reafirmar o que significa o complexo militar-industrial-midiático hegemônico, instrumento intervencionista e de dominação dos interesses norte-americanos no planeta.
Ele produziu nas últimas décadas essa agenda global que dita as regras de comportamentos dos indivíduos e das nações, uniformizando o lucro do mercado global, perverteu a noção dos direitos humanos, adulterou as ciências, o princípio da soberania das nações pela soberania limitada, e busca fragmentar as lutas populares através do chamado multiculturalismo.
Essa tese sobre a nossa “prioritária vocação ambiental” oculta o objetivo imperial de impedir o pleno desenvolvimento socioeconômico nacional.
É o que diz o estudo sobre estratégia norte-americana: Brasil Global e as Relações EUA-Brasil. Que propõe, nas entrelinhas, o controle sobre nossas regiões ricas em recursos naturais e energéticos, frear o nosso crescimento populacional, dificultar o desenvolvimento tecnológico do País.
O Brasil, potência ambiental de fato, precisa cuidar com urgência do desenvolvimento científico e tecnológico, da industrialização diversificada, do mercado interno, mais empregos formais e avanços sociais estruturais. E da sua defesa nacional. Porque o cenário de um mundo agredido, em chamas, e em convulsão financeira está à vista, para quem deseja enxergar.
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