12 setembro 2011

Um mês de escolhas partidárias em todo o país

Kandisnky
Conturbado setembro das filiações partidárias
Luciano Siqueira

Para o Blog da Folha

Pode não ser exatamente os 25 dias que pararão o Recife, como afirmou o deputado João Paulo em recente entrevista. Mas, a exemplo da situação do ex-prefeito, que é pública, de desconforto em sua agremiação atual, o PT, milhares de brasileiros, militantes antigos ou iniciantes na vida política, vivem até o final deste mês (no limite, até 7 de outubro) o dilema da escolha da legenda pela qual possam participar da peleja eleitoral de 2012 ou – como tem assinalado o ex-prefeito do Recife – não necessariamente como candidato, mas em condições de expressar, sem maiores incômodos, suas opiniões e propósitos políticos.

É a fragilidade dos partidos, dirão os observadores da cena política. Ou a legislação partidária e eleitoral, que ora impõe rigores, ora oferece flexibilidades aos olhos de alguns exageradas.

Pode ser as duas coisas. E não significam pecados capitais, antes recomendam que se leve a sério a realização de uma reforma política de sentido democratizante, que ponha os partidos, seus programas e sua identidade como referência e não apenas como abrigo para o registro eventual de contendores em pleitos eleitorais.

Mas o fato real e concreto é que, no ambiente de instabilidade partidária e de fragilidade institucional que ainda vivemos, os que pretendem mudar de partido, ou examinam com cuidado a sua primeira escolha, estão cobertos de razão. Não se pode ver na atitude destes nada de equivocado ou qualquer laivo de descompromisso com a construção de partidos programáticos, consistentes e longevos.

Pelo menos assim entendemos nós do PCdoB, partido que tem acolhido centenas de militantes oriundos de outras organizações, atraídos por um ambiente de unidade fundado no debate interno aberto e democrático, onde vale a opinião de cada um e onde se busca o consenso e a coesão como instrumento potencializador da ação. A nosso ver, onde não cabem preconceitos ou restrições, por se tratar de um partido que luta pelo socialismo e que respalda suas concepções na teoria marxista.

Partido político é escola. Nenhum militante, com raríssimas exceções, ingressa num partido dominando plenamente seus princípios, sua base teórica e ideológica, seu programa e sua orientação tática. A vida militante se encarregará do aporte de conhecimento. A práxis é que esclarece e orienta.

Certamente outros partidos assim também enxergam o assunto – para além de legendas que tão somente servem para o registro de candidaturas.

Daí o conturbado setembro que vivemos dever ser encarado como episódio do trajeto sinuoso e acidentado da construção da democracia em nosso país, no qual a existência de partidos fortes há de ser um fator decisivo.

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