12 junho 2013

Reaquecimento "em U"?

Sem tapar o sol com a peneira
Luciano Siqueira

Publicado no portal Vermelho e no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

 Não se pode tapar o sol com a peneira, advertiram líderes oposicionistas e colunistas econômicos idem, dias atrás, após o anúncio do PIB do primeiro trimestre deste ano - 0,6%, bem abaixo do desejado. Isto apesar deste número projetar o crescimento anual de 2,5%, também aquém do necessário, mas nada desprezível no atual cenário mundial, sobretudo porque aqui a economia evolui ofertando emprego.

Claro que não se deve tergiversar sobre a realidade. Sobretudo os que desejam transformá-la para melhor, estes mais do que todos devem pensar e agir “com as quatro patas fincadas na situação concreta”, como sugeria Plekhanov.

Partindo de dados reais e raciocinando na contramaré da torcida contra, Luciano Coutinho, presidente do BNDES, tem assinalado a recuperação da economia “em U” – ou seja, em ritmo gradual, porém constante, e não “em V”, como vinha ocorrendo até 2010, de forma acelerada. Baseia-se no crescimento das inversões em capital fixo, indicador seguro de reaquecimento das atividades industriais.

Pois agora uma voz absolutamente insuspeita, não comprometida com o governo, faz afirmações igualmente otimistas. Precisamente o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, para quem os números da pesquisa “Indicadores Industriais”, relativos a abril, mostram recuperação da indústria em todos os setores.

Segundo a pesquisa, o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) da indústria brasileira cresceu de 82,6% para 83% entre março e abril, com ajuste sazonal, alcançando o maior nível desde junho de 2011, quando apresentou o mesmo resultado. Sem esse ajuste, o índice de abril ficou em 83%. O Nuci igualmente avançou em relação a abril de 2012, quando o uso da capacidade instalada medido foi de 81,8%.

Mais dados: o faturamento real da indústria aumentou 5% em abril em comparação com março, considerados os ajustes sazonais, e cresceu 17,9% em relação a abril do ano passado; o nível de emprego dessazonalizado avançou 0,1% em abril, na comparação com o mês anterior, e teve expansão de 1,1% versus abril de 2012; o número de horas trabalhadas cresceu 2,9% na indústria em abril ante março, com ajuste, e em comparação com março de 2012 houve avanço de 5,5% em abril.

Dados positivos também para os trabalhadores, beneficiado pela ampliação da oferta de empregos e pelo crescimento real da massa salarial na indústria, que cresceu em 0,4% no período.

Ainda é pouco? Sim. Até porque há muito que fazer para destravar a economia, como ajustar o câmbio e retomar a regressão da taxa básica de juros. Mas esses dados anotados com otimismo pelo presidente da CNI reforçam as expectativas reiteradas do presidente do BNDES. Devem ser levados em conta, inclusive pela turma que torce contra porque está de olho nas eleições de 2014 e tem como certo que o desempenho da economia é variável importante, até decisiva, no comportamento do eleitorado.

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