Plínio Palhano, artista plástico
ppalhano@hotlink.com.br
O pintor
Vincent Willem van Gogh (1853–1890) nasceu um ano após e no mesmo dia do
natimorto Vincent van Gogh, começando assim sua história dramática. O Willem e
o Vincent do nome do artista vêm dos dois avôs. Ele era o mais
velho dos irmãos Anna Cornelia, Theodorus, Elizabeth,
Wellemina e Cornellis Vincent, educados rigidamente sob a orientação
protestante calvinista, pelo fato de o pai, Dorus, ser pastor e ter como base o
pensamento de Calvino — “Tudo que não é dever é pecado”. A mãe, Anna, fechava o
círculo familiar afirmando: “Somos moldados primeiro pela família e depois pelo
mundo”. A família holandesa, à época, como a dos Van Gogh, era regida pela
santíssima trindade doméstica: o dever, a decência e a solidez.
Van Gogh era
uma personalidade diferenciada. Quando tentava se enquadrar na tradição
familiar quanto à religião e aos princípios daquele ambiente, era um desastre.
O primeiro passo foi trabalhar na galeria de arte do tio Cent van Gogh, um dos
parentes, que, ironicamente, enriqueceu com a venda de obras de arte e se
associou a outra grande galeria, a Goupil, de um francês chamado Adolphe
Goupil, formando o nome Goupil & Cie, que invadiu o mercado de arte
europeu. Mas Van Gogh não se adaptou à disciplina de vendas: foi o seu primeiro
fracasso.
Depois
tentou ser pastor, mas foi reprovado no teste de avaliação para exercer a
função. Mesmo assim, foi mandado para a Bélgica, para as minas de carvão, em
Borinage. Lá, quis ser o protetor dos explorados operários; seus superiores
religiosos o demitiram porque desonrou o padrão de pastor. Então, revoltou-se
contra a religião e chamou os seus dirigentes de “sepulcros caiados”, outra
derrota. Entre as várias decepções por que o artista passou, houve o rompimento
com a família.
A arte
levou-o a libertar-se dos venenos que a serpente família inoculava sobre seu
espírito. Na verdade, o artista só teve dez anos para realizar a obra genial
que é reconhecida pela história. Só um irmão o acompanhou e o ajudou a realizar
a sua obra. Foi Theodorus, o Theo das longas cartas, nas quais Vincent
compartilhava suas experiências detalhadas como artista.
Na cidade de
Arles, no sul da França, o artista expandiu a sua mente realizando obras de
maior representação, foi ali que conviveu com Gauguin e onde teve também um
final trágico...
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