Cultura monstruosa
Eduardo
Bomfim, no portal Vermelho
Usurpando
o conceito utilizado pelo filólogo, escritor italiano de O Nome da Rosa,
Umberto Eco, o que estamos presenciando, há décadas e intensificado nos últimos
anos, na grande mídia oligárquica, é uma cultura monstruosa.
A linha de tergiversação da
realidade, campanha dirigida contra a legalidade constitucional em nome da
informação, é óbvia.
Cuja intensidade, associada à
cobertura de fatos bizarros, além de famosidades tomando sorvete na rua, ou
andando no calçadão, tanto como a tietagem de um cosmopolitismo subalterno
demonstra muito bem os propósitos e a quem ela está subordinada.
Quando se declarou que: “no
referente à nossa situação externa, se muito ainda nos resta combater, não é
para evitar a derrota, mas para conseguir a vitória completa, obter
efetivamente a reestruturação do mundo em bases mais humanas e justas...
Com respeito à soberania de
todas as nações, grandes ou pequenas, (...) cada povo poderá organizar-se
segundo a própria vontade expressa pelos meios adequados à sua tradição
histórica e aos imperativos de sua existência autônoma” não foi um manifesto
assinado pelo Brics mas o discurso de Getúlio Vargas na defesa do país em 1944
por uma ordem internacional democrática em plena 2ª Guerra Mundial.
Surgiram depois avanços na vida das nações mas também momentos gravíssimos,
tremendo retrocesso desde o final da década de 80 quando se impôs a hegemonia
neoliberal, a liderança unipolar pela via das armas e o capital rentista como
força motriz dessa Nova Ordem mundial.
À mídia oligárquica coube o papel de fomentar o discurso ideológico de um
monumental processo civilizacional regressivo ao gosto da banca especulativa
global.
Quem desdenha da análise da história contemporânea, deve estar surpreso(a) com
a onda saudosista fascista, a vertigem golpista “de tipo suave, importada” em
curso na América Latina, especialmente no país.
Vivemos um período dramático, de sabotagem à transição a outra realidade global
multipolar em que o Brasil é protagonista.
A desabrida conspiração contra a democracia, o legítimo mandato da presidente
da República, é parte dessa onda. Cabe-nos defender a Constituição ameaçada, a
formação de ampla frente democrática, patriótica, em defesa do progresso econômico
e social do país, e combater o fascismo pós-moderno.
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