Do tereré à bioeconomia
Aldo Rebelo, no portal Vermelho
A arte de tomar tereré, o mate frio declarado patrimônio imaterial de
Mato Grosso do Sul, costume ancestral dos índios guaranis e logo abençoado
pelos missionários jesuítas, consistia, originalmente, em sugar o líquido da guampa
através de ossos ocos de animais ou finas taquaras.
A seguir vieram sucessivos aperfeiçoamentos dessa bombilha, como um
canudo artesanal de bambu e a bomba de metal dotada de filtros que evitam a
passagem dos resíduos da erva. A evolução do artefato demonstra como a inovação
tecnológica de materiais e processos está presente nos objetos e gestos mais
simples do dia a dia.
Desde sempre e hoje, a inovação é instrumento do progresso. Governos e
empresas de todos os países investem em novidades que dinamizam processos
industriais e do setor de serviços e terminam por facilitar a vida das pessoas.
Nesse ambiente se inaugura hoje a 1.ª Reunião do Fórum de Ciência, Tecnologia e
Inovação de Mato Grosso do Sul, com vistas a aparelhar o Estado de infraestrutura
material e recursos humanos, visando ao desenvolvimento material e bem-estar de
sua população e de todos os brasileiros.
O Poder Público desempenha um papel central no incentivo à pesquisa
científica e tecnológica e nas iniciativas da inovação. É o que tem feito o
Governo Federal, por meio de programas de subvenção, financiamento e
articulação de parcerias. Foi o que fizeram os países mais desenvolvidos para
construir a sociedade do conhecimento. Muitos produtos que hoje são ícones da
era moderna não nasceram da poupança de seus inventores, mas foram financiados
com verbas públicas.
Daí a importância, em sua escala, de Mato Grosso do Sul assumir a tarefa
estratégica de ser protagonista no caro e incerto ramo das pesquisas, em
associação com centros tecnológicos, universidades e iniciativa privada.
Conquistas na indústria e em serviços estão no horizonte, pois se verifica a
emergência de uma seleta bioeconomia nas cadeias produtivas do boi, cana,
celulose e outras. Mas, usando com argúcia as vantagens comparativas, a
agropecuária sobressai na economia estadual. E todo avanço tecnológico
disponível já é usado nos ciclos da produção – da biotecnologia à gestão
integrada dos negócios. O resultado é que soja e boi abrem e consolidam
fronteiras de desenvolvimento. A semente da Ásia, introduzida no Brasil pela
sensibilidade dos poetas Raul Bopp, quando era diplomata no Japão, e Patrícia
Galvão, a Pagu, tem sido incompreendida tanto quanto a civilização do boi que
lastreou a formação social brasileira. Fato é que boi e soja espalham riqueza
em seu entorno.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) associa-se ao
esforço de Mato Grosso do Sul para acelerar a articulação de uma economia
dinâmica a partir de avanços na Ciência, Tecnologia e Inovação. De 2003 a 2014,
o MCTI investiu no Estado R$ 233,3 milhões em bolsas de estudo e pesquisa,
fomento e transferências de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico. Ao longo do Fórum serão contratados novos projetos de
pesquisa e inovação entre a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino,
Ciência e Tecnologia do Mato Grosso do Sul.
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