06 julho 2015

Tempo difícil

Desemprego e sensação de insegurança

Luciano Siqueira, no Jornal da Besta Fubana

Verdade que o índice atual de desemprego - 7,9% - ainda é bem menor do que os 12,9% verificado em maio de 2003, herança do governo FHC.

Mas continua crescendo concomitantemente com a diminuição da renda média dos assalariados, que segundo o IBGE caiu em 5,0% em relação a maio de 2014.

Dói o fato real e, em certo sentido, dói mais ainda a sensação de insegurança daí decorrente.

Quem perdeu o emprego não crê na possibilidade de recuperá-lo imediatamente. Quem está empregado teme ser despedido.

Mais: uma parcela expressiva dos mais de quarenta milhões que ascenderam socialmente nos últimos 12 anos - precisamente os mais jovens - frustra-se em sua aspiração a um lugar melhor no mercado de trabalho. 

Isto associado a uma gama de outros indicadores econômicos negativos, como o endividamento das famílias, próprios do quadro de grave retração econômica, gera um ambiente social e político pessimista.

A chave está na retomada do crescimento em bases inclusivas, um dos elementos essenciais do processo de mudança ocorrido no Brasil desde 2003.

Mas no meio do caminho tem o ajuste fiscal - ortodoxo, penoso - e a política de juros altos. 

O ajuste, mesmo irresponsavelmente torpedeado na Câmara dos Deputados, segue essencialmente como formulado pelo governo e deve produzir o equilíbrio das contas públicas.

As altas sucessivas da Selic, por seu turno, fazem o gosto dos especuladores e do setor rentista e inibem investimentos produtivos. Um gargalho a ser superado.

Na contramão da busca de saídas para os impasses econômicos se situa a barulhenta e inconsequente oposição partidário-midiática, que apenas ataca e nada propõe.

Neste cenário, ao governo cabe a tarefa irrecusável e intransferível de apresentar as bases da retomada do desenvolvimento, certamente em patamar diferenciado e mais elevado do que o modelo anterior, fundado na expansão continuada do consumo interno.

Eis o 'x' da questão - essencialmente de natureza política, de que depende o rum da economia.

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