Eduardo
Bomfim, no portal Vermelho
Surgem,
a cada dia, novos capítulos do golpe, iniciado na Câmara dos Deputados, contra
a presidente Dilma Rousseff eleita com mais de 54 milhões de votos, através de
grotesca votação com graves danos internacionais. Pode-se aferir igualmente a
existência de uma séria crise das instituições da República expostas no fragor
da batalha.
Em recente entrevista sobre
sistema de governo Massimo d’Alema, ex-primeiro ministro italiano, afirmou que
o regime presidencialista pode ser discutível em vários aspectos, mas tem a
vantagem da estabilidade na figura do chefe de Estado, ao contrário do
parlamentarismo que, como na Itália, a depender da crise, provoca a queda de
uma sucessiva penca de governos.
Mas a verdade é que no Brasil
existe uma histórica cultura da total vulgarização do instituto do impedimento
presidencial.
Por isso os derrotados acham-se,
pela ação golpista, no direito de invocá-lo para depor o eleito, como agora
contra a presidente da República, já que não ganharam nas urnas.
Outro fato merecedor de profunda
reflexão é que após a recente redemocratização subjetivou-se que a indeclinável
democracia seria, em si mesma, a “maravilha curativa” para problemas pendentes
no País, numa espécie de alquimia às nossas encruzilhadas econômicas, geopolíticas,
sociais, de infraestrutura etc.
Gestando um tipo de fragmentação
do Estado nacional, via privatização pela Nova Ordem mundial neoliberal ou até
mesmo a visão de que o Estado seria um entrave ao avanço das causas sociais.
Já a mídia golpista constituiu
monopólio associada à banca financeira rentista enquanto as grandes potências
avançam sobre nossas riquezas nacionais e as elites retrógradas articulam para
manter incólumes abissais desigualdades sociais.
Assim, urge a luta em defesa da
democracia ameaçada, ao tempo que se torna inadiável aos segmentos
democráticos, patrióticos, proclamar como impostergável um Projeto Estratégico
de Desenvolvimento do País, que pode distanciar-se a depender dos
desdobramentos da crise fruto da ação golpista em curso.
Sem esse projeto estratégico
vamos continuar patinando como decorrência de uma crise sistêmica das
instituições republicanas e, por outro lado, pela falta de rumos no atual,
dramático, teatro geopolítico de operações movido pelas grandes potências do
planeta.
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