16 janeiro 2019

Uma crônica (minha) para descontrair


Combatidas, porém indispensáveis
Luciano Siqueira

Aqui na praia, onde reunimos uma boa turma de diferentes gerações da família, trava-se duro combate às moscas.

Repudiadas por todos - dos mais velhos, como eu, a Alice, de apenas cinco anos.

Um veneno de minúsculos grãos cor de rosa foi adquirido numa lojinha quebra-galho, que atrai os pequeninos insetos e os abate de modo inclemente.

Pedro, nosso jovem sábio, disserta sobre a morte gradativa de cada uma das moscas atingidas, afetadas no seu aparelho respiratório.

(Se é uma verdade científica, aqui ninguém duvida – por absoluta ignorância sobre o assunto).

Mas eis que encontro arquivada em meu lap top (salvo engano do New York Times, transcrita no G1) matéria mais do que edificante, em certos aspectos, sobre a importância das moscas na vida de nós humanos.

Para o bem ou para o mal: ajudam a fertilizar plantas, consomem corpos em decomposição e também estragam as colheitas, espalham doenças, matam aranhas e caçam libélulas, diz a matéria.

Para cada pessoa da Terra, há 17 milhões de moscas!

Sem as moscas não haveria chocolate, pois elas polinizam o cacau.

E são de enorme utilidade a inúmeras modalidades de pesquisa científica.

Ainda no curso médico da antiga Faculdade de Medicina da UFPE, conheci a variedade Drosophyla Melanogaster – que compartilha o mesmo DNA básico de todos os seres vivos -, utilizada no Departamento de Microbiologia.

Reza a lenda que certa vez uma funcionária encarregada da limpeza do laboratório considerou sujeira um bom número de laminas nas quais estavam fixadas moscas dessa espécie e jogou tudo na lata de lixo – para desespero do pesquisador, que na manhã seguinte simplesmente viu meses de trabalho interrompido e teve que começar tudo novamente!

Voltando à matéria do NYT, anoto essa passagem: “As larvas (de moscas) se atiram nas aranhas, pousam sobre elas e se enterram em seu abdômen. Então, comem as aranhas de dentro para fora. 
Mas, se as aranhas ainda não estão maduras, as larvas podem dormir por alguns anos até que o aracnídeo cresça e se torne uma grande refeição.”

Fazem o bem quando limpam detritos do mundo biológico - da madeira apodrecida à sujeira de esgotos.

Mas quando se reproduzem em excesso e se espalham por toda parte, incomodam muito! E as tratamos como inimigas.

Para concluir, essa me surpreende: no Instituto de Pesquisa Janelia do Instituto Médico Howard Hughes, na Virginia, cientistas desenvolvem um diagrama das conexões do cérebro das moscas e, a partir daí, pretendem descobrir mais detalhadamente como elas pensam.

Se esses pequeninos seres pensam – ou seja, racionam -, que sejamos capazes de estabelecer um modus vivendi com as ditas cujas. Pelo bem do mundo animal – para além dos interesses específicos dos humanos.

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