22 janeiro 2019

Pálido e hesitante

Turbulências a caminho de Davos
Luciano Siqueira

O capitão presidente realiza sua primeira viagem internacional, a Davos, para o Fórum que reúne líderes dos países mais desenvolvidos e cuida dos rumos da economia mundial, predominantemente sob a ótica do mercado.

A bordo, muitos problemas — não exatamente dos que deve tratar na Suíça, em reunião previamente esvaziada pela ausência de líderes dos principais países, como o EUA e a China.

Os problemas que conduz em sua bagagem estão fundamentalmente no Brasil, dizem respeito a seu iniciante e atribulado governo.

Evidente que em menos de um mês não se deve esperar muita coisa de um governo recém-instalado. 

Mas também não se esperava tanto tiro no próprio pé.

Há um rol de embaraços que o envolve. O caso do filho eleito senador é fichinha diante de tantos outros.

A sociedade que compareceu às urnas e majoritariamente escolheu o capitão nem tanto por seu programa de governo, que jamais anunciou, mas, sobretudo, supunha que o país seria governado por alguém à margem dos partidos tradicionais e, por conseguinte, de práticas condenáveis.

Nesse quesito moralista, o próprio clã Bolsonaro se encarrega de desmentir as expectativas dos seus eleitores.

Mas onde reside talvez o buraco mais fundo seja justamente nas elites dominantes, que almejam facilidades através das quais, a seu modo, cuidarão de renovar a economia em proveito de si mesmas.

Até o momento, justamente do super ministério da Economia, comandado por um especulador do mercado financeiro, não se viu nada além de um pacote de intenções privatistas, que deve ser apresentado em Davos como forma de atrair capitais externos.

E do outro super ministério, o da Justiça, entregue como prêmio ao ex-juiz Sérgio Moro, ouve-se ensurdecedor silêncio em relação ao caso Bolsonaro-Queiroz, como se estivesse ocorrendo em algum distante país da Ásia.

Demais, ao lado de uma presença exagerada de militares de alta patente no primeiro e segundo escalões, em várias áreas, multiplicam-se os registros de nomeações de gente de qualificação duvidosa para o exercício de funções que requerem competência e experiência prévia na gestão pública.

O ultra liberalismo que se pretende implementar, expressão da extrema direita, na verdade não conta com uma massa crítica que sirva de fonte de gestores capazes de fazerem moer a máquina governamental. Sequer há um acúmulo de formulação de políticas públicas com esse matiz.

Assim, o presidente da República Federativa do Brasil que comparece a Davos ostenta a palidez dos embaraçados e a hesitação dos incompetentes.

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