01 maio 2019

Unidade na luta

O calo aperta e a unidade se afirma
Luciano Siqueira

Neste Primeiro de Maio há uma novidade: as centrais sindicais assinalam a data em manifestações de rua unificadas, após três décadas de cisão.
Atos públicos terão num mesmo palanque dez centrais, representantes de partidos que se opõem à reforma da Previdência nos moldes apresentados pelo governo e integrantes de entidades como a UNE, o MST, o MTST e das coalizões Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo.
Para além de divergências – que são naturais – essas forças convergem na resistência à reforma previdenciária e em defesa da democracia.
A vida põe essa convergência de intenções e de energias como imperativo.
No governo Temer, celebrada a reforma trabalhista, se dizia que um novo tempo viria, em que cerca de 6 milhões de emprego seriam gerados. A CLT, agora mutilada em sua essência, dexaria de ser o “empecilho” ao crescimento econômico e à empregabilidade.
Previa-se um crescimento do PIB em torno de 2,69%, conforme analistas assinalavam no Boletim Focus.
Meras conjecturas segundo os interesses do mercado. Conflito frontal com a realidade concreta.
Agora, porta vozes das principais entidades empresariais “esclarecem” que não era bem assim. A remoção do “entulho” que era a CLT não resultaria diretamente em geração de emprego, mas reduziria os custos das empresas e, por conseguinte, abriria possibilidades de investimentos.
Assim, a economia voltaria a crescer. Novos empregos seriam uma espécie de corolário natural...
Ora, se as atividades econômicas seguem capengas e não há nenhum vislumbre de investimentos públicos em infraestrutura, que alavanquem as demandas, gerem produção, não há como pensa em expansão do mercado de trabalho.
No atual governo, um agravante: além de encurtamento do papel do Estado em todas as áreas, a inexistência de política industrial.
Por outro lado, segundo o IBGE, a taxa de subutilização da força de trabalho brasileira bateu recorde nos primeiros três meses do governo Bolsonaro. Nada menos do que 28,3 milhões de brasileiros não trabalharam ou trabalharam menos do que necessitam nesse período.
É o pior índice desde que se iniciou a série histórica da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua, 2012.
Há uma simbiose maléfica entre o desemprego e desalento, que angustia milhões de trabalhadores e trabalhadoras.
Que os atos deste Primeiro de Maio contribuam para elevar a unidade e o nível da luta pelo emprego e direitos fundamentais, contra a reforma previdenciária em defesa da democracia.
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