Sem marca
social, Bolsonaro vai “repaginar” programas do governo Lula
Governo se limitará a “repaginar”
programas criados na gestão do ex-presidente Lula, como o Bolsa Família e o
Minha Casa, Minha Vida. Seu plano mais “ousado”, até o momento, é a decisão de
mudar o nome desses programas.
Portal Vermelho
A falta de marcas sociais é um dos retratos
do primeiro ano de Jair Bolsonaro na Presidência. Com a popularidade em viés de
baixa, o governo decidiu apostar em iniciativas voltadas às populações mais
pobres e vulneráveis. Mas, sem ideia do que fazer, Bolsonaro se limitará a
“repaginar” programas criados na gestão do ex-presidente Lula, como o Bolsa
Família e o Minha Casa, Minha Vida. Seu plano mais “ousado”, até o momento, é a
decisão de mudar o nome desses programas.
“O
núcleo político avalia que a falta de uma agenda social é o maior problema de
Bolsonaro, que tem enfrentado queda de popularidade”, destaca nesta
quarta-feira (1º/1) o Estadão, que cita a última pesquisa CNI/Ibope: “A
porcentagem de brasileiros que considera a gestão ótima ou boa caiu de 35%, em
abril, para 29%. Já a parcela que avalia o governo como péssimo ou ruim subiu
de 27% para 38% no mesmo período. Outra pesquisa, do Datafolha, revela que a
avaliação positiva do governo é maior entre quem ganha mais de cinco salários
mínimos e menor entre quem ganha menos de dois salários”.
Daí
a conclusão (um tanto óbvia) do governo de que precisa investir em pautas
sociais para se aproximar da população mais pobre, especialmente no Nordeste,
onde o voto “vermelho” é mais expressivo. Um dos planos, então, é lançar até
maio um Bolsa Família turbinado e rebatizado – uma das possibilidades é que se
chame Renda Brasil. Segundo dados do governo, o programa atende hoje 13,5
milhões de famílias com renda mensal inferior a R$ 178.
O
Minha Casa, Minha Vida também terá continuidade. Criado em 2009, o programa
tinha 44.426 moradias com obras paradas em novembro, segundo o Ministério do
Desenvolvimento Regional. Agora, Bolsonaro quer reapresentá-lo com outro nome e
por meio de sistema de “voucher”– vale que asseguraria um crédito para compra,
construção ou reforma da casa própria. O valor será definido a depender de
fatores como a região do País. A ideia é atingir famílias com renda de até R$
1.200 mensais que vivem em moradias precárias nos municípios com até 50 mil
habitantes. Nada muito diferente, portanto, do que os governos Lula e Dilma
fizeram.
É
certo que o governo precisará correr para emplacar propostas que dependem do
Congresso, já que 2020 é um ano considerado “curto”, em razão das disputas para
as prefeituras. Para piorar, mesmo após uma série de gafes e perdas no primeiro
ano de governo, Bolsonaro já avisou a aliados que pretende reforçar o discurso
ideológico e o clima de enfrentamento com a esquerda. O objetivo: concorrer a
um segundo mandato em 2022.
Além
disso, o segundo ano da era bolsonarista deve ter trocas de comando em
ministérios considerados estratégicos, que não apresentaram resultados
esperados pelo governo. Embora ainda não tenha definido uma data, Bolsonaro
deve fazer uma reforma ministerial pontual. O principal foco de atenção,
segundo interlocutores do presidente, é o Ministério da Educação, comandado
deploravelmente por Abraham Weintraub.
Em
dezembro, relatório preparado por uma comissão da Câmara indicou a falta de
ações concretas para a alfabetização – um dos principais compromissos do
governo. Após esse parecer, coordenadores da equipe responsável pelo setor
foram demitidos. Ao Estadão,
o MEC antecipou que vai lançar um programa de alfabetização entre janeiro e
fevereiro, mas não deu detalhes sobre o teor da proposta.
Em
pronunciamento de Natal, transmitido na noite do dia 24, Bolsonaro afirmou que
2019 acaba “sem qualquer denúncia de corrupção”. É falso: há investigações em
curso contra os ministros Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) e Ricardo Salles
(Meio Ambiente), com a complacência do presidente. Sem contar o processo contra
o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), seu filho. O Ministério Público do
Rio investiga a suposta prática de “rachadinha”, quando servidores são coagidos
a devolver parte do salário, no gabinete do então deputado estadual.(Com
informações do Estadão)
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