Amyr Klink e a conquista do voto
Luciano Siqueira
Em Paratii entre dois mundos, o navegador Amyr Klink faz uma observação que parece óbvia, porém rica de significados nas circunstâncias que descreve de sua viagem solitária rumo ao Pólo Norte: um detalhe pode ser decisivo para o êxito ou fracasso de um grande projeto. Ele se referia à inversão do sentido de botões interruptores do fornecedor de gás, que esquecera, e por pouco não produzira um desastre.
Assim ocorre numa campanha eleitoral. Ao planejá-la comumente se pensa em tudo e se procura utilizar muitos instrumentos e formas de mobilização destinados a firmar a imagem pública do candidato e a obter a preferência de parcela de eleitores suficiente para lhe assegurar a vitória. Mas há um detalhe que freqüentemente é subestimado, especialmente quando se trata de candidatura a vereador: como “amarrar” o voto.
Tomo a liberdade de citar o exemplo de nossa campanha para vereador no Recife – que cresce, ganha consistência e nos permite vislumbrar o êxito. Não são poucos os que se entusiasmam com a receptividade do eleitorado nas ruas, nos salões e em toda parte. E insistem: “É preciso divulgar mais que você é candidato a vereador, difundir o número 65100.”
Claro que quanto mais ampla a divulgação da candidatura, melhor. E temos ótimos instrumentos para isso, que utilizamos com certo nível de competência. Panfletagem nos cruzamentos de ruas e avenidas movimentadas, em entradas de escolas, empresas, teatros e cinemas com a presença do próprio candidato. Visitas programadas a Universidades, hospitais e outras instituições onde contamos com apoiadores influentes; e, desde ontem, a TV e o rádio. São atividades que dão volume à campanha e alcançam parcelas significativas da população – o que ajuda bastante, sobretudo porque o candidato, no caso, é razoavelmente conhecido do grande público e se beneficia de uma imagem muito positiva.
E o detalhe? Bem, o detalhe exatamente reside no ato individual de pedir o voto. Reuniões de grupos de amigos em residências, salões de festa de edifícios residenciais, em restaurantes e bares e mesmo no comitê constituem, por assim dizer, a chave do êxito. Porque é nessas reuniões, ainda que breves, que o candidato expõe suas idéias, revela sua história de vida e de militância, escuta as pessoas e assume compromissos.
Estabelece-se, nas reuniões, uma cumplicidade entre o candidato e seus apoiadores. E as pessoas são motivadas a usar o adesivo, a distribuir impressos e a pedir o voto entre familiares e amigos. Se cada um pede pelo menos mais quatro votos a rede de reuniões diárias se fizer extensa, ao final a vitória será conquistada. E pedir o voto, convenhamos, é algo simples: quase ninguém vota sozinho, compartilha com alguém a opção que fez.
Daí Amyr Klink ter inteira razão. E pedir o voto é o detalhe que pode definir o êxito do nosso projeto.
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