Lula impõe sua visão extrapartidária e republicana
Sérgio Augusto Silveira*
sergioaugusto_s@yahoo.com.b
Ao longo de seus seis anos no exercício da Presidência da República, o presidente Lula aprendeu uma coisa fundamental na vida pública – e disso dá demonstrações constantes. E o que foi isso? Foi e é a dimensão supra-partidária, além das siglas, com que o país deve ser administrado, dimensão decisiva para que a coisa pública seja conduzida em nome de toda a nação, e não sob as amarras de partido.
A mais recente demonstração desse aprendizado do presidente está sendo sua decisão de negar ao seu Partido dos Trabalhadores a exclusividade do uso de seu nome, sua imagem e suas obras na campanha eleitoral. Chama a atenção neste momento, em todos os noticiários, a frase dita por Lula, a qual chega para ficar na História deste país: “O PT não pode estatizar a minha imagem”.
Para completar essa verdadeira ordem vinda do Planalto, o presidente proibiu que qualquer candidato suba ou se agarre nas franjas de seu palanque durante anuncio de atos administrativos.
Essa decisão presidencial está sendo uma paulada violenta, capaz de alterar as perspectivas de inúmeras candidaturas no andar da atual campanha eleitoral. Esmagou o miolo da decisão e mobilização de dirigentes do PT em todos os estados, os quais exigiam a tal exclusividade na exploração da imagem e obras presidenciais.
No Recife, onde até o pefelista histórico ( o adjetivo democrata é muitíssimo genérico) Mendonça Filho já usou a imagem do presidente, aquela determinação de Lula está liquidando uma disputa que redundaria numa guerra aberta na Justiça Eleitoral. Enquanto a direção petista ainda faz ameaças de impedir, com base na lei eleitoral, que o candidato lulista a prefeito, Carlos Eduardo Cadoca (PSC) use a imagem presidencial para se reforçar e ir além dos seus atuais 22% nas pesquisas, o prefeiturável petista, João da Costa, decidiu dar uma recuada e ser cauteloso diante da nova situação criada por Lula.
O João do João obedece de imediato a decisão de seu chefe partidário maior e garante que a preocupação principal de seu discurso é enfatizar a continuidade da atual administração no próximo mandato petista. Se houver. Esse é o discurso no palanque. Nos corredores do partido a decisão de Lula está criando a maior sinuca de bico. Isso porque está liquidando com o que o discurso petista tinha de mais turbinado para se diferenciar dos adversários.
Tendo decidido que não sairá voando pelo país em apoio a todos os seus candidatos e aliados, o presidente Lula já desenhou a presença sua em estados como Pernambuco; uma presença, aliás, esquálida, tímida. Aqui estará o ministro petebista das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, para subir no palanque de João da Costa e, depois, – por que não? – dar um abraço no aliado Carlos Cadoca, com a benção presidencial. Amém.
* Jornalista. Colaborador do nosso blog, onde opina com idependência e opinião própria.
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