Águas revoltas e divididas
Luciano
Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Em ambiente de crise, tudo foge ao esquadro, podemos dizer assim, porque além de uma boa dose de imprevisibilidade quanto ao desfecho, surgem contradições no percurso que podem ajudar, ou não.
Em ambiente de crise, tudo foge ao esquadro, podemos dizer assim, porque além de uma boa dose de imprevisibilidade quanto ao desfecho, surgem contradições no percurso que podem ajudar, ou não.
Refiro-me
precisamente aos esforços conjugados que nos últimos dias se verificam, tanto
da parte da presidenta Dilma e das forças que a apóiam, como de setores outros
não necessariamente posicionados em favor da presidenta.
Caso
emblemático: o presidente do Senado, Renan Calheiros, em sintonia com
manifestações dos dirigentes das Federações das Indústrias de São Paulo e do
Rio de Janeiro, e de outros segmentos influentes - até o jornal O Globo, em surpreendente
editorial - apresentou ao governo uma agenda propositiva.
Segundo
Renan, permanecer falando apenas em hipóteses de interrupção do mandato da
presidenta significa querer “tocar fogo no País”. Buscar alternativas é, diz
ele, dever de todos, independentemente de pertencerem ou não às hostes
governistas.
Em
sentido contrário, anteontem, quando da celebração do Cinquentenário de Eduardo
Campos, instado por repórteres, o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, negou-se
a sugerir propostas de superação da crise. Segundo ele, isto não cabe à
oposição e sim, tão somente, ao governo.
Nessa mesma
linha, o presidente da Câmara dos Deputados, o peemedebista de oposição Eduardo
Cunha, torpedeia o gesto de Renan, rompendo o que parecia ser um pacto de ação
conjunta no sentido de pressionar o governo. “O
Parlamento é bicameral, o que o Senado aprovar necessariamente não passará na Câmara
dos Deputados”, ameaça.
Na agenda
proposta pelo presidente do Senado, há itens que convergem com os esforços
encetados pelo governo, no quesito medidas anticíclicas, tais como a vinculação
de alterações na legislação das desonerações fiscais ao cumprimento de metas de
emprego ou de preservação de emprego. O mesmo se adotaria em relação ao acesso
ao crédito subvencionado.
Na pauta
atual do Senado, é justamente essa matéria que ocupa o primeiro lugar na fila,
obstaculando a votação de medidas do ajuste fiscal.
Quanto
a este item e outros mais constantes de extensa relação, a própria presidenta
Dilma disse de público concordar.
Para o
bom entendedor, é pela política – a prática de gestos em favor da
governabilidade e preservação da ordem constitucional – que se busca viabilizar
o ajuste fiscal e adiantar ações em favor da retomada do crescimento econômico.
Em consequência,
releva-se que as turbulentas águas do momento sofrem novo divisor – entre os
que verdadeiramente desejam que o Brasil melhor e os que preferem o caos.
Arte:
Rodrigo Guimarães
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