Reducionismo inconsequente
José Luis Simões*
Aqui vai uma
breve opinião sobre o que ouvi ontem de manhã (16/08), quando estava praticando
exercícios no calçadão da praia de Boa Viagem.
Um dos líderes
do movimento que organizou a manifestação pelo "Impeachment de Dilma"
bradou no microfone: "Esse governo da presidenta Dilma só aprova leis
imorais, o pai não pode dar uma tapa no filho que vai preso, mas os
adolescentes usam drogas à vontade pelas ruas e nada acontece".
Sinceramente,
essa afirmação é de um reducionismo vergonhoso. Primeiro, o conjunto de leis
federais é aprovado pelo Congresso Nacional, onde há representantes de todas as
forças políticas, deputados e senadores eleitos pelo voto popular a cada quatro
anos. Se uma determinada Lei Federal prejudica algum segmento da população
temos que, coletivamente, protestar e lutar para sua alteração ou supressão.
Segundo, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece medidas
punitivas para o adolescente infrator e a FUNASE está repleta de adolescentes
internos (ou seja, presos) e em semiliberdade. É claro que há necessidade de
mais segurança nas grandes cidades e combate mais rigoroso ao narcotráfico, o
que devemos continuar exigindo dos governos.
Respeito cada
cidadão e cidadã que participou das manifestações ontem, pois é próprio do
regime democrático a liberdade de expressão e o direito à crítica e às
manifestações populares.
Todavia, na
minha humilde opinião, havia discursos desqualificados. Sem pauta, sem noção,
sem política, apenas certo revanchismo de quem perdeu nas urnas e quer o
"Fora Dilma" a qualquer preço, sem uma justificativa plausível ou
necessidade de provas que liguem a presidenta Dilma a qualquer episódio de
corrupção.
Não à
corrupção. Não ao golpismo. Viva à democracia.
A luta
continua, sempre!
*Professor da Universidade Federal de Pernambuco,
ex-presidente da Adufepe
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