O BNDES e a expansão internacional da economia brasileira
Guilherme
Ramon Garcia Marques*, no Brasil Debate
Em meio à conjuntura de
crise política e econômica que se desdobra no Brasil ao longo do ano de 2015, o
BNDES vem sendo constantemente alvo de sistemáticos ataques e críticas.
Sobretudo, por conta de sua atuação no financiamento da inserção e da promoção
da competitividade de grandes empresas brasileiras (a chamada política de
campeões nacionais).
Do ponto de vista da expansão internacional
da economia brasileira, contudo, evidencia-se, desde 2002, uma significativa
expansão do investimento direto brasileiro no exterior, reflexo do aumento
substancial da participação de empresas nacionais no exterior, paralelamente a
uma também evidente expansão da capacidade de financiamento do BNDES.
A atuação do BNDES no estímulo deste processo de expansão do capital brasileiro
no exterior, em especial na América do Sul – mediante participação acionária e
compra de debêntures – viabilizou a aquisição de grandes concorrentes
internacionais por parte de empresas brasileiras.
São exemplos as compras de 58,62% das ações do grupo de energia e petróleo
argentino Pérez Companc pela Petrobras; de 91,18% do pacote acionário da
cervejaria Quilmes pela AmBev; de 85,3% da empresa de frigoríficos argentina
Swift Armour pela Friboi; além da aquisição da MinCo pelo grupo Votorantim e
SiderPeru pela Gerdau, respectivamente maiores companhias mineira e siderúrgica
do Peru.
A atuação do BNDES também foi fundamental para a exportação de serviços
de construção e infraestrutura para países como Argentina, Peru, Equador,
Venezuela, Cuba, Panamá, Estados Unidos, Angola, entre outros, contribuindo
robustamente para a expansão geográfica de empresas brasileiras no mundo.
Neste processo, o BNDES passa a adquirir participação acionária em
algumas das empresas beneficiadas, por meio da subsidiária BNDESPar (BNDES
Participações S. A.). O que contribui para a elevação de investimento em
setores de importância estratégica para o país e para a continuidade da
expansão das empresas.
Nesse
sentido, é nítida a importância do papel do BNDES no progresso econômico do
país. Eventuais medidas que culminem no enfraquecimento operacional do BNDES se
refletirão imediatamente no enfraquecimento da capacidade do estado brasileiro
em conduzir o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
*Guilherme Ramon Garcia Marques è cientista político, mestrando em
Economia Política Internacional pelo IE/UFRJ, analista acadêmico da Dint/FGV e
membro da “Red de Jóvenes Líderes de la Unasur por un Desarrollo Integral y
para la Integración Regional”
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