25 agosto 2015

O tamanho da empreitada

E tem crise mundial?

Luciano Siqueira, no Blog da Folha


Não precisa ser nenhum doutor em dialética para compreender que os fenômenos tem suas causas externas e suas causas internas. E que num sistema único, cujo funcionamento é permeado por variáveis determinantes, impossível é enfrentar as causas internas à margem e à revelia dessas variáveis.

Em outras palavras, a crise brasileira tem cá suas causas próprias, porém antes de tudo integra o drama mundial que se arrasta desde 2008.

Mas para efeito da política tupiniquim, sobretudo para a oposição partidária e midiática, tudo acontece por obra e graça do governo brasileiro, mais precisamente por culpa da presidenta Dilma.

E quando alguém se refere aos contratempos estruturais e sistêmicos da economia mundial, sempre há um tucano ou um articulista autoproclamado "especialista" na matéria para retrucar que no resto do mundo a economia se recupera, mas aqui não.

Eis que novamente hoje as bolsas de valores do mundo inteiro abrem em queda. As quatro desvalorizações sucessivas da moeda chinesa - o yuan - tiveram repercussões marcantes sobre todas as economias dos países do mundo, principalmente dos mais desenvolvidos.

Uma espécie de recado: a crise global está longe de se resolver, na fase atual atinge duramente os grandes países emergentes e não há espaço para a precarização da luta política.

Tucanos e aliados fazem de conta que o Brasil se encontra numa imensa redoma, indene às intempéries mundiais. Da boca pra fora, pois bem sabem o tamanho da enrascada.

Ninguém quer que as coisas piorem, pelo menos quem leva a sério os interesses fundamentais da nação e do povo.

E quem - por outro lado - cuida dos seus negócios e dos seus lucros, como os senhores industriais e banqueiros que têm se pronunciado através de suas entidades representativas ou em nome pessoal.

Neste cenário de ameaças e privações, para que o Brasil ultrapasse o ajuste fiscal e retome o crescimento em bases soberanas e socialmente inclusivas, melhor que gente como Aécio Neves e Eduardo Cunha caia no isolamento para onde caminham celeremente.
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