Uma realização de governo que alguns não querem ver
Luciano Siqueira
. O ambiente pré-eleitoral assanha o debate em torno da gestão que finda. Infelizmente, no que concerne à oposição, alimentado pela busca ansiosa de

. Nesse contexto, cometo a ousadia de perguntar: numa perspectiva libertária, de médio e longo prazo, qual o saldo mais importante de um governo local assumidamente comprometido com a emancipação dos que vivem do trabalho? A resposta certamente em nada interessa aos que se situam no espectro político conservador; pois nos remete à formação de uma avançada consciência social, assentada no reconhecimento do cidadão como sujeito de direitos e partícipe da transformação da sociedade.
. Algo que não consta em relatórios de gestão, difícil de mensurar e de traduzir em gráficos ou tabelas – e que entretanto o prefeito João Paulo tem referido como a razão maior da obra de governo; e que abordei em artigo de junho de 2003, Que história é essa? (incluído no livro O Vermelho é Verde-Amarelo - 65 crônicas políticas, Editora Anita Garibaldi, São Paulo, 2005).
. No artigo anotamos que, na prática, muito mais simples é pavimentar ruas, ampliar as redes de educação e de saúde, recolher o lixo e manter praças e vias limpas. Essas coisas que o senso comum compreensivelmente espera do governante, visto como síndico da cidade. Difícil é encontrar oportunidades e formas de interagir com o cidadão de modo a construir um processo comum de aprendizado – técnicos e povo – que resulte na superação dos mecanismos usuais de dependência do indivíduo em relação ao Estado e na elevação da sua consciência política.
. Uma dessas oportunidades, na gestão comandada pelo prefeito João Paulo, é proporcionada pelo programa Que história é essa? , encetado pela Secretaria da Assistência Social, que inicia nova fase dia 12 próximo, por ocasião do aniversário da cidade.
. Que história é essa? é uma experiência inovadora, que funde fantasia, história e vivência da realidade presente, revelando suas contradições de classe, seus limites e possibilidades.
. O programa atende adolescentes de 15 a 18 anos, que participam de um jogo – o RPG Social – no qual “contracenam” com atores que encarnam personagens da História, reproduzindo cenas marcantes do passado, relacionando-as com a vida hoje. Nenhum deles é expectador. Todos tomam parte ativa na brincadeira. Para isso, submetem-se a uma preparação prévia de dois meses, discutindo os assuntos contidos numa espécie de cartilha e fazendo visitas monitoradas a locais que tenham a ver com o tema.
. No ciclo denominado “Saga negra”, por exemplo, num dado momento o ator que vive Joaquim Nabuco repete, no Teatro Santa Isabel, o famoso discurso abolicionista e, ao final, indaga: quem são os escravos de hoje? Em resposta, os jovens falam das atuais condições de existência do povo trabalhador e dos habitantes das áreas mais pobres da cidade. Discutem a realidade onde eles próprios estão inseridos. Desse modo, exercitam o senso crítico e a capacidade de reagirem em situações de conflito.
. Dentre eles alguns se revelam líderes natos, outros com talento para a poesia e as artes plásticas; e muitos despertam em si a consciência de que integram um povo de cuja história são herdeiros e continuadores.
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