No Vermelho, por Bernardo Joffily:
Capitalismo em crise ideológica: Greenspan faz mea culpa
. Alan Greenspan, o poderoso chefão do Federal Reserve (ou Fed, o banco central dos Estados Unidos) entre 1987 e 2006, admitiu nesta quinta-feira (23), que cometeu "um equívoco" ao acreditar na "auto-regulação" do livre mercado e sua ideologia "não está funcionando" diante do "tsunami creditício" que abala seu país. O mea culpa do homem-símbolo do pensamento neoliberal mostra até que ponto a crise econômica é também uma crise ideológica do capitalismo. . A confissão do homem "outrora considerado como o infalível maestro do sistema financeiro", segundo as palavras do New York Times, aconteceu durante audiência pública numa comissão da Câmara de Representantes. Depois de dirigir o Fed por 18 anos (nos governos Reagan, Bush Pai, Clinton e Bush Jr.) sob o estandarte da desregulação dos mercados, o economista de 82 anos se declarou "em choque".
Orfandade dos sacerdotes - Não foi nenhuma conversão ao socialismo. Ele só admitiu estar "parcialmente" errado. Em dado momento, falou em "estar certo" em 60% das previsões e "errado" em 40%.Porém no seu conjunto o diálogo de Greenspan com os congressistas é um excelente exemplo da orfandade ideológica em que se encontram os mais fervorosos sacerdotes do sistema, ao verem as suas certezas se espatifarem. Afinal, quem falava é, embora aposentado, algo como o sumo-sacerdote do neoliberalismo.
. "Eu cometi um equívoco ao presumir que os próprios interesses das organizações, especificamente os bancos, entre outras, eram de tal natureza que as tornavam mais capazes de proteger os seus próprios acionistas e a sua equidade", disse Greenspan.
. Uma ideologia que "não funciona" - A parte mais reveladora da audiência aconteceu quando o congressista Henry A. Waxman, democrata da Califórnia e presidente da Comissão de Controle da ação governamental, confrontou Greenspan com uma proclamação de princípios feita pelo então presidente do Fed: "Tenho uma ideologia. Meu julgamento é que mercados livres e concorrenciais são de longe a forma sem rival de se organizar a economia. Experimentámos a regulação, nenhuma funcionou significativamente."
. Perguntado por Waxman sobre se essa ideologia o estimulara a tomar decisões que não deviam ser tomadas, Greenspan primeiro buscou uma saída pela tangente. Disse que todos têm uma ideologia, precisa de uma, o problema é saber o quanto ela é acurada. Mas no fim foi ao que interessava:
. Greenspan: O que estou lhe dizendo é que sim, constatei uma falha. Não sei a que ponto ela é significativa ou permanente, mas fiquei muito aflito com este fato", admitiu o ex-imperador do Fed.
Capitalismo em crise ideológica: Greenspan faz mea culpa
. Alan Greenspan, o poderoso chefão do Federal Reserve (ou Fed, o banco central dos Estados Unidos) entre 1987 e 2006, admitiu nesta quinta-feira (23), que cometeu "um equívoco" ao acreditar na "auto-regulação" do livre mercado e sua ideologia "não está funcionando" diante do "tsunami creditício" que abala seu país. O mea culpa do homem-símbolo do pensamento neoliberal mostra até que ponto a crise econômica é também uma crise ideológica do capitalismo. . A confissão do homem "outrora considerado como o infalível maestro do sistema financeiro", segundo as palavras do New York Times, aconteceu durante audiência pública numa comissão da Câmara de Representantes. Depois de dirigir o Fed por 18 anos (nos governos Reagan, Bush Pai, Clinton e Bush Jr.) sob o estandarte da desregulação dos mercados, o economista de 82 anos se declarou "em choque".
Orfandade dos sacerdotes - Não foi nenhuma conversão ao socialismo. Ele só admitiu estar "parcialmente" errado. Em dado momento, falou em "estar certo" em 60% das previsões e "errado" em 40%.Porém no seu conjunto o diálogo de Greenspan com os congressistas é um excelente exemplo da orfandade ideológica em que se encontram os mais fervorosos sacerdotes do sistema, ao verem as suas certezas se espatifarem. Afinal, quem falava é, embora aposentado, algo como o sumo-sacerdote do neoliberalismo.
. "Eu cometi um equívoco ao presumir que os próprios interesses das organizações, especificamente os bancos, entre outras, eram de tal natureza que as tornavam mais capazes de proteger os seus próprios acionistas e a sua equidade", disse Greenspan.
. Uma ideologia que "não funciona" - A parte mais reveladora da audiência aconteceu quando o congressista Henry A. Waxman, democrata da Califórnia e presidente da Comissão de Controle da ação governamental, confrontou Greenspan com uma proclamação de princípios feita pelo então presidente do Fed: "Tenho uma ideologia. Meu julgamento é que mercados livres e concorrenciais são de longe a forma sem rival de se organizar a economia. Experimentámos a regulação, nenhuma funcionou significativamente."
. Perguntado por Waxman sobre se essa ideologia o estimulara a tomar decisões que não deviam ser tomadas, Greenspan primeiro buscou uma saída pela tangente. Disse que todos têm uma ideologia, precisa de uma, o problema é saber o quanto ela é acurada. Mas no fim foi ao que interessava:
. Greenspan: O que estou lhe dizendo é que sim, constatei uma falha. Não sei a que ponto ela é significativa ou permanente, mas fiquei muito aflito com este fato", admitiu o ex-imperador do Fed.
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