Em defesa do emprego, do salário e da democracia
Nivaldo Santana, no Blog do Renato
No dia 2 de setembro passado foi instalado o Fórum
de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda. Nesse Fórum participam
o Governo, autor da iniciativa, as centrais sindicais de trabalhadores e as
confederações patronais, com o objetivo de construir alternativas para as
dificuldades da atual conjuntura política e econômica.
Cinco centrais sindicais (CTB, CUT, Força Sindical,
UGT e Nova Central) aprovaram um documento com as propostas dos
trabalhadores: defesa do emprego e salário, combate à inflação, redução
dos juros, mais investimentos em infraestrutura econômica e social, educação e
ciência e tecnologia, etc.
Para os trabalhadores, é essencial neste momento a
continuidade de políticas que assegurem o emprego e a renda, hoje ameaçadas
pela retração econômica e pelo aumento da inflação. Um indicador importante
para os trabalhadores foi o balanço das campanhas salariais do primeiro
semestre deste ano.
O Dieese analisou 302 negociações salariais e
chegou a conclusões preocupantes. Por esse estudo, o primeiro semestre deste
ano foi o pior desde 2008. Houve diminuição dos aumentos reais e aumento dos
reajustes abaixo da inflação. Além disso, o valor médio de aumento real
(0,51%), foi o menor dos últimos oito anos.
Segundo o Dieese, em certa medida existe uma
correlação entre inflação mais alta e menores aumentos reais de salários nas
negociações. Esse quadro é agravado pela diminuição do PIB, aumento do
desemprego e perspectivas futuras nebulosas.
É sempre bom lembrar que de 2002 até 2015, o
salário mínimo obteve um aumento real de 73,54%, beneficiando diretamente 46,8
milhões de pessoas. Essa valorização do salário mínimo e os altos índices de
emprego são os principais fatores de mobilidade social e distribuição de renda
no Brasil, atestado por estudos do IPEA.
O aumento real do salário mínimo repercute
positivamente nas outras faixas salariais. Com esses aumentos e os elevados
índices de emprego no país, ampliou-se bastante o que se convencionou chamar de
mercado interno de massas, uma importante âncora para o crescimento do país.
Como a fórmula de reajuste do salário mínimo leva
em conta a inflação do período somada ao crescimento do PIB de dois anos
anteriores, projeta-se para os próximos anos, dada a retração econômica, um
período sem aumentos reais desse salário.
Esse quadro complexo leva o movimento sindical a
trabalhar com uma agenda de resistência, priorizando, em certas situações, a
defesa do emprego, sem perder de vista que as atuais turbulências políticas
interferem diretamente na luta sindical.
Por isso, o movimento sindical classista precisa
combinar a defesa dos seus direitos com a luta pela manutenção da democracia,
premissa para se enfrentar e superar os obstáculos ao crescimento econômico do
país.
NIVALDO SANTANA é Secretário Sindical Nacional do PCdoB, vice-presidente
da CTB e é membro do Comitê Central.
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