Eduardo Bomfim, no portal
Vermelho
Amplia-se a crise institucional
agravada pela ação golpista com o afastamento da presidente Dilma Rousseff. O
processo continua tramitando no Senado até a votação definitiva do impedimento,
mas a tempestade política, longe do seu final, segue por rumos turbulentos,
imprevisíveis.
Tudo revela um roteiro pantanoso, surreal, assim como a
crise tem sido ótimo negócio para o rentismo que aufere lucros superiores às
atuais e extorsivas taxas de juros.
A nação resvala para o nonsense geral onde a legalidade
democrática, a Constituição, a soberania popular são atropeladas.
Os reais motivos da conspirata são subtraídos pelo monopólio
da grande mídia nativa, parte indissociável, senão decisiva, na atual
desestabilização das instituições da nação.
Montado dentro e fora do País, o script contra a
legitimidade democrática não teria êxito, até agora, sem a grande mídia, que
através do fogo de barragem destitui a realidade, impõe versões construídas em
laboratório úteis à via antidemocrática.
Nessa batida autoritária, em que atores políticos centrais
revelam-se figuras absolutamente descartáveis, encontra-se sob ameaça a
soberania do País. Seja do ponto de vista da desfiguração do sentimento comum
de pertencimento a uma sociedade democrática, quanto da autoestima nacional.
Há uma excitação do “Mercado” com o desejo do “apoderamento”
das nossas riquezas naturais de extensão continental, com a redução à
insignificância da cadeia produtiva brasileira.
Procura-se deslocar o Brasil não só do seu protagonismo rumo
a uma sociedade mais desenvolvida, mas como integrante do Brics. Assim os
objetivos do golpe são múltiplos.
Nesse cenário há a ação dos Estados Unidos no treinamento
doutrinário e prático do putsch em curso através do financiamento de ativistas
e organizações de fachada.
O capital financeiro, as grandes potências, formataram a
“Governança Mundial” que dita as agendas globais hegemônicas, desviam a luta
política, os interesses fundamentais dos Países soberanos, buscam a
despolitização geral.
Com a crise capitalista mundial, o Brasil, imerso em grave
desgaste das instituições republicanas, expostas pelo golpe em curso, deve
lutar, como poucas vezes, pelos valores democráticos, a defesa do País
ameaçado, por um projeto de desenvolvimento estratégico da nação.
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