Foto: LS
Em ritmo de
antigamente
Luciano
Siqueira
Aqui onde estamos para um breve período de descanso e a
cerimônia familiar do réveillon, igual fazemos há três décadas, o mar é azul e
calmo, reina uma tranquilidade quase silenciosa em toda parte, tudo se movimenta
quase em câmara lenta.
Um território de 136 quilômetros quadrados, que abriga pouco
menos de vinte mil habitantes.
O caseiro da residência à beira-mar, que alugamos, exibe um
misto de praticidade e leniência.
Aqui perto, a uns duzentos metros, encontramos uma pequena
loja que exibe placa anunciando “água mineral, carvão, bebidas e etc.”.
Noto que o telefone indicado não tem o “9” que antecede os
oito números convencionais. Abordo a jovem que nos atende:
- Bom dia! Quero anotar o número daqui, falta o 9...
- Esse número não está valendo, faz tempo que mudou.
- Então me diga o número atual.
- Não me lembro, moço.
- Como não se lembra?
- Anotei no meu celular, que roubaram.
Ou a freguesia já decorou o numero, ou simplesmente não o
usa.
Tampouco os proprietários da lojinha se preocupam com isso.
Quem quiser comprar, venha.
Lá estarão prontos a vender.
- A gente fica aberto o dia todo e até um pedaço da noite.
- Bom. Até que horas da noite?
- Depende.
- Depende de quê?
- Depende de ter gente querendo comprar.
Realmente, é incrível como um lugar tão próximo da capital paraibana
funciona quase como um grotão interiorano!
Mesmo modernos instrumentos de comunicação, como o
smartphone, parecem ser usados com exemplar parcimônia.
Bom ou ruim?
Deve ser bom, no dizer do caseiro:
- A gente é assim desde que me conheço de gente, doutor; e
ninguém reclama.
Bendita seja a vida em ritmo de antigamente!
Daqui a alguns poucos dias retornaremos à agitação da
metrópole pernambucana e estarei novamente sob o fogo cruzado das minhas
obrigações públicas, agindo com a velocidade e a presteza de sempre.
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