Custo que o Exército viria a pagar para ter Bolsonaro foi previsto, dito e escrito
O Exército, que formou esse
capitão, tem pago caro em desprestígio por cada asnice do presidente
Janio de Freitas, Folha de S. Paulo
Os
níveis mais altos de militares do Exército, incluídos os
reformados-mas-não-muito, estão sob interrogações sem respostas e, por isso,
possíveis inquietações mal definidas. Nada indica, no entanto, o sentido
adverso a Bolsonaro que exala dos comentários sobre contrariedade de
altos estrelados com seu capitão-comandante. Na falta de indícios
resistentes, a onda parece seguir a mesma pressa dedutiva que há pouco criou um
Bolsonaro aderido à moderação.
Não há
sinais de insatisfação no Exército com o governo.
Nisso se tem confirmado a comunhão de visões
entre Bolsonaro e os referidos militares do Exército. Mesmo nas
práticas que mais choquem o mundo da cidadania, como a entrega da Saúde e da
vigilância farmacológica a militares sem a formação específica.
Ou a destruição da riqueza natural, sobre ela recaindo a recente advertência
aprovadora do general-vice Hamilton Mourão: “A eleição [nos EUA] não muda a
política ambiental”.
O
eventual desagrado é com os transbordamentos de cretinismos, haja ou não
discordância. O Exército, que formou esse capitão hoje mais representativo que
qualquer general, tem pago caro em desprestígio por cada asnice de Bolsonaro. E
lá é natural que se perguntem o que fazer.
O desgaste já
é em nível de ridículo. Quem, no grupo de militares palacianos, tentou conter
um pouco a produção bestial, teve como resultado a demissão grosseira, caso dos
generais Santos Cruz e Rêgo Barros. Ou rompeu
relações, como o indemissível Mourão. Os demais conduzem-se como
acovardados. Para essas pessoas que se pensam admiráveis, poderosas,
distinguidas pela força da arma, responsáveis pelo país que nem entendem,
verem-se até em anedótico desafio a militares de verdade, convenhamos, há de
doer. Mourão nem percebeu que seu remendo usual também ficou grotesco: a
pólvora contra os EUA “foi retórica”. Não, foi mesmo insuficiência mental.
Nenhum dos incomodados sabe como deter a corrosão. E todos sabem que vai continuar. Com risco de chegar ao paroxismo de um impeachment atrasado, o capitão-comandante e seus subordinados generais, almirantes e coronéis a sair, ou melhor, marchar pela porta da cozinha. Todos pisando na imagem do Exército. [ x ]
O vice Mourão
tenta transferir as responsabilidades: ”Política não
pode entrar no quartel”. O Exército não
foi buscado por político algum, nenhum partido, por ninguém. A
política, sim, foi invadida pelo Exército na pessoa do seu então comandante,
Eduardo Villas Boas, que interveio no processo eleitoral, com disposição
ostensiva, por ao menos duas vias. Uma, a pressão sobre o Supremo Tribunal
Federal, para o impedimento eleitoral de Lula. Outra, ao patrocinar, na
condição de comandante do Exército e sempre no cenário do seu gabinete, a
candidatura presidencial, a violência e a desordem mental de um excluído das
Forças Armadas, elevado a símbolo político dos militares. O custo que o
Exército viria a pagar para ter Bolsonaro, com um governo militarizado por
generais e coronéis, foi previsto, dito e escrito. Por civis. Quem não previu o
óbvio, muito menos preverá o desfecho.
O que é o que
é Luciano Huck
reapareceu. Era presença permanente nos jornais até que Bolsonaro
começou a mostrar a que veio. Huck preferiu sumir. Não teve nem uma só palavra
a dizer sobre as barbaridades sucessivas de formação e ação do governo. Vieram
a pandemia, as demissões na Saúde, a propaganda de Bolsonaro contra a
prevenção, o confinamento, o lockdown, os encerramentos no comércio e na
indústria, a penúria da falta de trabalho — Huck não teve nem uma só palavra a
dizer. Agora, maré mais tranquila, reaparece. Sem uma só palavra sobre o que a
população passou e passa ainda. Isso é um pretendente à Presidência? Huck acha
que é. Mas, na verdade, é apenas um oportunista.
EM TEMPO
O carioca
desta vez parece decidir-se pelo senso prático. Não quer voto ideológico nem
sequer partidário, deduz-se das pesquisas. Quer votar pela cidade, no
ex-prefeito que lhe deu muitas realizações importantes, sem se ocupar de
política, ou na delegada séria, determinada, deputada alheia à politicagem que
é a ocupação no ramo. Bem, entre eles está
o prefeito Crivella, mas aí o assunto é mais de igrejas e fiéis que
de urnas e eleitores. Se confirmar a aparente intenção, a cidade pode
salvar-se. Do contrário, paciência. O crime Estudo do IBGE: o Brasil ocupa o
nono lugar entre os países mais desiguais do mundo.
Veja: Entre lacunas e preenchimentos faz-se a peleja cotidiana https://bit.ly/2TatLA8
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