Zagueiros e goleiros brasileiros precisam aprender a sair com a bola
Jogadores parecem ter vergonha de
dar o chutão, quando é necessário
Tostão, Folha de S. Paulo
Nas
quatro partidas pela Copa do Brasil,
três visitantes venceram, o que não é o habitual. Três times estrearam
treinadores, o que é uma loucura, por ser uma decisão. Dois dos
principais jogadores de São Paulo e de
Flamengo, Daniel Alves e Gerson, não sei por qual razão, passaram
quase todo o tempo em guerra, chutando o tornozelo um do outro, com cara de
raiva, o que é incompreensível.
O jovem
goleiro Hugo, grande promessa, bastante elogiado pelas ótimas partidas
anteriores, tentou driblar quando não podia, perdeu a bola, e o São Paulo
ganhou o jogo. Foi um grave erro.
Antes do gol
da vitória, o São Paulo já tinha errado várias vezes na saída de bola, e o
Flamengo não aproveitou. Como escreveu muito bem a colunista
Renata Mendonça, essa conduta é uma evolução, uma realidade sem
volta, que precisa, com urgência, ser melhorada, embora o erro de Hugo tenha
sido mais pessoal do que de estratégia.
O
grande problema é que os jovens goleiros e defensores brasileiros que entram no
time titular não foram bem treinados nas categorias de base para jogar dessa
maneira. Parece que têm vergonha de dar o chutão, quando é necessário.
O time de Fernando
Diniz comete alguns erros na saída de bola. Um é tentar trocar
passes pelo meio, o que é mais perigoso. Outro é recuar Daniel Alves junto ao
goleiro, para o armador dar o passe ao companheiro, perto ou dentro da área e
pressionado por vários adversários. Deveria ser o contrário. Daniel Alves tem
mais talento e teria mais chance de sair da marcação.
Além disso,
os times brasileiros e europeus têm feito muito bem a pressão para tomar a bola
mais perto do gol adversário.
Os
zagueiros e os goleiros brasileiros precisam aprender a sair com a bola, a
trocar passes e também a jogar um pouco mais adiantados.
Hugo foi
também exageradamente elogiado, como se já fosse um Dida. Terá muito que
aprender. Eu também elogiei, excessivamente, o jovem Jean
Pyerre, meio-campista do Grêmio. Quase o comparei a Ademir da Guia,
pelas passadas largas, pela elegância e pelo toque de bola, mas me contive.
Ainda é cedo.
Há décadas, e
que continua até hoje, os técnicos costumam empurrar para frente os ótimos
jogadores de meio-campo, para serem meias atacantes, artilheiros, e, para trás,
os que não têm talento, para serem volantes apenas marcadores ou zagueiros. Com
isso, desapareceram os craques meio-campistas, que jogam de uma intermediária à
outra. Jean Pyerre é uma esperança. O meio-campo é a alma e a inspiração de um
time.
A Covid-19 está perto de completar um ano.
Como serão o futebol e a vida depois que tudo passar? Um ano de tragédia é
diferente para um setentão, para um quarentão e para as crianças.
SUPERATLETAS
Como
aconteceu nas duas partidas anteriores pelas Eliminatórias, a seleção
brasileira, contra a Venezuela, jogou com muita intensidade e com
muita pressão para recuperar rapidamente a bola. São características do futebol
moderno. Além de bons, são superatletas, uma importante necessidade, mesmo para
os craques. Porém, faltaram, diante da retranca venezuelana, mais qualidade
individual e coletiva e mais brilhantes e eficientes dribles e passes.
Faltou um Neymar e também um excepcional
meio-campista, que jogasse entre o volante e o meia ofensivo, de uma
intermediária à outra, e que enxergasse o que é visível e o que parece
encoberto.
O Brasil
precisa enfrentar as principais seleções sul-americanas e, principalmente, as
europeias, para se ter uma correta avaliação.
Veja: Novos tempos na cena política? https://bit.ly/32Pinir
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