Home Office: 60% das empresas não deram suporte ao trabalhador
Mundo
Sindical
Relatório global que
trata sobre o
teletrabalho na pandemia mostra uma contradição. Ao mesmo
tempo em que as empresas dizem acreditar que os funcionários precisarão estar
no centro do design dos espaços de trabalho do futuro, a maioria delas
reconhece que não mudou as
políticas para os escritórios de modo a dar maior suporte
aos empregados em trabalho
remoto.
O
relatório “Local de trabalho inteligente - Moldando experiências de empregados
para um mundo transformado", ouviu 1.350 executivos de empresas em 19
países. No Brasil, foram 50 entrevistas.
Na
avaliação da empresa de tecnologia NTT Ltd, responsável pelo levantamento, um
dos indicativos de que o apoio a esse novo modelo de atuação está aquém das
necessidades é no baixo índice de empresas que mudaram
políticas de TI (Tecnologia da Informação).
No
Brasil, 40% das companhias disseram ter feito alterações. A média global ficou
em 30,7%.
Em
muitos casos, empregados colocados em home office devido à pandemia tiveram de
usar seus próprios equipamentos, como telefones, celulares e computadores, rede
de internet, além de ferramentas e aplicativos de conectividade, para continuar
suas rotinas de trabalho.
Para
o vice-presidente sênior da NTT Ltd para América Latina, Jefferson Anselmo, o
percentual aponta para um descolamento entre a intenção das companhias em
reorganizar seus espaços de trabalho e as ações assumidas por elas até agora.
Segundo
o relatório, 86,6% das empresas dizem acreditar que os funcionários precisarão
ser o coração do desenho dos locais de trabalho do futuro. No Brasil, esse
percentual está em 92%.
“Indica
que as empresas ainda estão se preparando para as mudanças”, diz Anselmo. Na
avaliação do executivo, em agosto, quando a pesquisa foi feita, as empresas
estavam em um esforço para tornar o trabalho remoto possível. Agora, começam as
preocupações em melhorar as condições.
Uma
dessas melhorias estaria no desenvolvimento de novas ferramentas para
produtividade e comunicação —caso de 36% das empresas no Brasil e 43,3%, no
mundo— e no aumento de recursos de segurança de informação para manter
funcionários e organizações seguras, opção adotada por 48% das companhias que
atuam no Brasil (a média global é de 46,4%).
Anselmo
diz que o percentual “pode parecer baixo”, mas que é necessário ver o número em
perspectiva. “Se a gente pensar que a outra metade está se preparando, não é
tão surpreendente”, afirma.
“Tornar
o trabalho remoto possível era mais importante [nos primeiros meses de
pandemia] do que tornar o trabalho seguro. Agora, no momento seguinte, a gente
vê uma tendência cada vez maior de as empresas se preocuparem com a segurança
desses acessos remotos.”
O
relatório da NTT aponta ainda para uma maior flexibilidade do modelo de
trabalho, com 84% das companhias brasileiras —acima dos 75% da média global e
de 81% no continente americano— concordam que os empregados deverão ter a
escolha de trabalhar nos escritórios.
Os
encontros presenciais não serão abolidos, mesmo nos casos em que as ferramentas
de conectividade já estejam bem integradas à rotina. E essas, por sua vez,
também farão com que o retorno aos escritórios não seja mais como antes.
Segundo
o relatório, 90% das empresas no Brasil consideram encontros presenciais como
essenciais para a construção de espírito de equipe.
No
ambiente de trabalho do futuro, os escritórios deverão ficar diferentes ao que
conhecemos hoje, uma vez que quase metade das empresas —42% no Brasil— estão
revisando a disposição de seus espaços para novas necessidades.
Para
o vice-presidente sênior da NTT Ltd para América Latina, os dados do relatório
apontam para espaços de reuniões menos formais e mais espaços compartilhados
pelos escritórios.
Enquanto
o ambiente de trabalho do futuro não chega, os representantes de trabalhadores
tentam garantir direitos mínimos para quem está em
home office.
A
CLT prevê dois tipos de trabalho fora de empresas. Um refere-se ao trabalho no
domicílio, o outro ao teletrabalho —esse último incluído pela reforma
trabalhista de 2017— e na avaliação de especialistas, nenhum dos dois protege
quem foi transferido para casa devido à pandemia.
Com
isso, as negociações de data-base começam a incluir regras para esse tipo de
atividade, uma vez que as empresas começam a estudar a adoção definitiva do
modelo, seja ele parcial ou total.
No
início de outubro, a Fequimfar (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias
Químicas e Farmacêuticas de São Paulo) fechou um aditivo para o acordo da
categoria no qual prevê que qualquer responsabilidade pela viabilidade do
teletrabalho será do empregador.
A
regra vale para “aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos
tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação” do serviço.
No
setor financeiro, os bancários assinaram em setembro um acordo com o Bradesco
prevendo o fornecimento de cadeira, notebook ou computador de mesa, teclado e
mouse, ou o pagamento de ajuda de custo não remuneratória para a aquisição
desses equipamentos. (Fonte: Folha de S.Paulo - 13/11/2020)
Veja: A literatura é uma
agulha na estupidez https://bit.ly/3nvQiVq
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