Delação
de ex-presidente do BRB e celular de Vorcaro disseminam pânico em Brasília
Paulo Henrique Costa abriu a
caixa de ferramentas do BRB para fiscalização do BC e divide advogado com
Ibaneis Rocha, mas analisa delação
ICL Notícias
Cleber Lopes de Oliveira, advogado criminalista e ex-desembargador do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Distrito Federal, é momentaneamente o esteio da micropolítica de Brasília. Ele é ao mesmo tempo o encarregado da defesa técnica pessoal do governador Ibaneis Rocha, de quem é amigo e com quem galgou cargos na seccional brasiliense da Ordem dos Advogados do Brasil. É também o criminalista encarregado de organizar a primeira linha de defesa do ex-presidente do BRB (Banco Regional de Brasília), Paulo Henrique Costa.
“Enquanto
as defesas forem comuns, estamos tranquilos. Significa que não há delação sendo
feita. Todos os posicionamentos do banco foram defensáveis do ponto de vista do
mercado”, diz um secretário do GDF com acesso direto a Ibaneis, amizade
institucional com Lopes e desconfiança recíproca da estabilidade emocional e da
correção pessoal de Paulo Henrique Costa. “Se ele resolver inventar uma
delação, não será por meio do Cleber. A confiança do governador no advogado e
amigo de anos é total. Agora, se o Paulo Henrique anunciar que mudou a defesa
será um Deus-nos-acuda em Brasília”.
Vice-governadora
exigiu nome “seu” no BRB
Na
última sexta-feira, depois de se reunir com integrantes do Ministério Público
Federal e com a Polícia Federal,
Paulo Henrique Costa foi recebido pelo governador do DF no Palácio do Buriti.
Não foi uma conversa leve. O ex-presidente do BRB disse ao ex-chefe que eram
falsas as notícias de que fosse um delator até aquele momento. Entretanto, não
deixou Ibaneis seguro da firmeza de princípios de não delatar. PHC, como o
ex-executivo financeiro é conhecido no mercado, afirmou que “até onde
acompanhou” as operações do Banco Master (em liquidação extrajudicial pelo
Banco Central) com o BRB, tudo era tecnicamente defensável – até mesmo a
exposição de R$ 12,2 bilhões da instituição estatal do DF por ter comprado
títulos sem lastro do banco liderado pelo ex-banqueiro Daniel Vorcaro.
Entre
fevereiro e março deste ano, açulado por Ibaneis Rocha e por políticos como o
senador Ciro Nogueira (presidente do PP) e o vendedor de seguros Antônio Rueda
(presidente do União Brasil), Ibaneis Rocha determinou a Costa que anunciasse
ao mercado a compra do Banco Master pelo BRB. Inicialmente, o presidente do
banco público era contra a operação. Depois de se reunir com Nogueira e com
Rueda passou a ser favorável.
Celina
Leão, vice-governadora do DF e candidata a receber o cetro do poder local em
abril e ser candidata à reeleição sentada na cadeira que hoje é ocupada por
Ibaneis, tinha PHC como um desafeto político. A quem lhe perguntasse e aos
empresários locais que lhe pediam a manutenção do presidente do BRB no cargo,
Celina dizia que a linha de parceria da instituição pública com empresas
privadas não mudaria; porém, Paulo Henrique Costa seria trocado por um nome em
quem ela confiasse.
Juiz
negou prisão de PHC porque espera delação
Na
última quarta-feira, na esteira do escândalo Master/BRB, Ibaneis Rocha anunciou
Nelson Souza, funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal, como novo
presidente e “interventor branco” no Banco Regional de Brasília. Souza foi nome
imposto por Celina Leão e levado até ela pelo presidente do PP, o senador
piauiense Ciro Nogueira. A vice-governadora é filiado ao partido e integra o
grupo político de Nogueira e do ex-presidente da Câmara, Arhur Lira, que por
sua vez é quem controla a presidência da Caixa (mesmo integrando o bloco de
deputados que fazem oposição sistemática ao governo federal).
Ricardo
Augusto Leite, juiz da 10ª Vara Federal de Brasília negou o pedido de prisão de
Paulo Henrique Costa solicitado na semana passada pelo Ministério Público e
pela Polícia Federal apostando na eficácia de eventual delação dele. Ao negar o
pedido de procuradores e policiais o magistrado sabia que PHC já colaborava com
a área de fiscalização do BC e tinha fornecido informações consideradas
valorosas.
STJ
deve demorar a julgar HC: ex-banqueiros na Papuda
Entre
a terça-feira, 25 de novembro, e a quarta-feira, 26, o Superior Tribunal de
Justiça designará o ministro-relator do pedido de Habeas Corpus dos
ex-banqueiros Daniel Vorcaro e Augusto Lima. Os dois dividiram o controle do
Banco Master e estiveram à frente das negociações para a venda fraudulenta do
controle do banco privado para o BRB. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região
negou o Habeas Corpus à dupla. O pedido não tem prazo para entrar na pauta do STJ,
é possível que haja pedido de liminar imediata, porém se especula que a decisão
do Superior Tribunal de Justiça não saia antes do início do recesso judicial
marcado para 20 de dezembro. O juiz federal Ricardo Augusto Leite, responsável
pelo caso, solicitou a transferência da dupla de ex-banqueiros para o presídio
federal da Papuda, em Brasília, para insistir na colaboração dos dois com a
Justiça. Na noite da última segunda-feira Vorcaro e outros ex-diretores do
Master foram transferidos para o presídio de Guarulhos, na Grande São Paulo. O
responsável pela 10ª Vara Federal quer os ex-banqueiros em Brasília, na Papuda.
Esta
semana a Polícia Federal entrega à Procuradoria da República o relatório de
extração de dados dos celulares e computadores (que espelhavam os celulares) de
Vorcaro e de Augusto Lima. Os aparelhos foram apreendidos no cumprimento de
mandados de busca efetuados no curso da Operação Compliance Zero, na madrugada
da última 3ª feira, 19 de novembro.
Não
havia proteção à troca de mensagens entre Vorcaro, Lima e os políticos com os
quais costumavam realizar agendas pessoais e de negócios em Brasília, São
Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Grécia, Reino Unido, França, e Estados Unidos. O
senador Ciro Nogueira (PP-PI), o deputado Arthur Lira (PP-AL), o presidente do
União Brasil, Antônio Rueda (que é pernambucano de nascimento e vida
profissional, mas transferiu o domicílio eleitoral para o Rio de Janeiro e será
candidato a deputado federal em território fluminense. Também ocorreram
contatos e troca de mensagens com ao menos três governadores – Tarcísio de
Freitas, de São Paulo, Ibaneis Rocha, do DF, e Cláudio Castro, do Rio – e com
secretárias e assessores que atendiam diretamente esses chefes de Poderes
Executivos estaduais.
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Leia também Paulo Nogueira Batista Jr.: "Pluto-, clepto- e kakistocracia" https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/11/paulo-nogueira-batista-jr-opina.html

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