Luta de ideias, pesquisa e China: os eixos que orientam a Grabois para 2026
Reunião da Diretoria destaca três vetores de atuação, debate a atualização programática do PCdoB até 2027 e reafirma o papel da Fundação na formulação política.
Renata Martins/Portal Grabois www.grabois.org.br
Reunida em São Paulo, na última segunda-feira (15), a Diretoria Executiva da Fundação Maurício Grabois realizou um balanço das principais ações desenvolvidas ao longo de 2025 e debateu as prioridades políticas e institucionais para o próximo período. Em um cenário nacional e internacional marcado por disputas intensas no campo político, ideológico e geopolítico, a reunião reafirmou o papel da Grabois como espaço estratégico de formulação, pesquisa e disputa de ideias no campo progressista.
Na avaliação apresentada pelo presidente da Fundação, Walter Sorrentino, a atuação da Grabois em 2025 se estruturou a partir de três grandes vetores: o fortalecimento dos Grupos de Pesquisa, a consolidação da comunicação como eixo da luta de ideias e o aprofundamento da interação com a China.
Luta de ideias como campo estruturado de militância
Ao fazer o balanço político do período, Sorrentino destacou a necessidade de avançar na institucionalização da luta de ideias como dimensão central da atuação do PCdoB. Para ele, intensificar essa frente significa compreendê-la como uma forma específica de militância, voltada à produção de conhecimento, à pesquisa e à elaboração teórica.
Para o presidente da Grabois, trata-se de reconhecer a existência de um locus próprio de atuação. “Você tem que produzir conhecimento, investigar, pesquisar”, disse, ao defender que quadros partidários possam assumir explicitamente essa missão.
Grupos de Pesquisa como base da elaboração
O primeiro vetor destacado no balanço foi o potencial dos Grupos de Pesquisa (GPs) responsáveis por intervenções como a Nota Técnica sobre minerais críticos e terras raras e o documento com recomendações para a COP30.
Para 2026, a perspectiva é aprofundar essa frente por meio da realização de um encontro nacional de pesquisadores vinculados ao PCdoB, reunindo mestrandos, doutorandos, mestres e doutores.
“Nossos pós-graduandos vão apresentar o trabalho que estão realizando em função dos temas dos grupos. A Bahia fez um evento desse tipo, foi riquíssimo. Ficamos com um cabedal do que os comunistas estão pesquisando”, afirmou o presidente, ao defender a valorização desse acúmulo intelectual como parte da luta de ideias.
Comunicação como eixo estratégico
O segundo vetor foi a comunicação, entendida como dimensão constitutiva da disputa de hegemonia. Em 2025, a Grabois avançou na reorganização de suas plataformas digitais, com a consolidação do Portal Grabois, o crescimento das redes sociais, a retomada da TV Grabois e a criação de canais próprios de relacionamento com o público.
Nesse contexto de ascensão, a área ganha mais representação. A jornalista e mestranda Sarah Cavalcante assume a Diretoria do Trabalho de Comunicação da Fundação, após atuar como gerente do setor. A mudança foi apresentada como parte de um processo de amadurecimento institucional, que reconhece a centralidade da comunicação articulada à produção intelectual e à formação política.
Interação com a China e agenda internacional
O terceiro vetor destacado foi o aprofundamento da interação com a China, por meio do fortalecimento das relações institucionais e da criação do Centro de Estudos Avançados Brasil-China (CEBRACH). A iniciativa foi apontada como estratégica para qualificar o debate brasileiro sobre a China contemporânea, sua experiência de modernização e suas implicações para o desenvolvimento nacional.
Parcerias editoriais, intercâmbios institucionais e a perspectiva de cursos e formações integram essa frente, que tende a se consolidar como um eixo duradouro da atuação da Fundação nos próximos anos.
Atualização do Programa Socialista até 2027
A reunião também abordou a tarefa de atualização do Programa Socialista do PCdoB, prevista até 2027 e atribuída à Fundação Grabois. Para Sorrentino, não se trata de um programa teórico abstrato, mas de uma atualização ancorada na trajetória do Partido e nas resoluções do 16º Congresso.
“Não é um programa para nós, um programa teórico de fundo. Vamos partir do atual programa, do rumo da luta pelo socialismo e da evolução do pensamento programático do PCdoB”, afirmou.
A vice-presidente da Fundação, Madalena Guasco, destacou a importância da Grabois assumir essa responsabilidade, ressaltando a capacidade da Fundação de articular grupos de pesquisa e frentes de trabalho. Para ela, o principal desafio é compreender que atualizar o programa significa atualizar a leitura da realidade.
“Não é só atualizar o português, é atualizar a realidade”, observou. Segundo Madalena, temas centrais como soberania e industrialização precisam ser repensados à luz das transformações do capitalismo contemporâneo e das novas disputas globais. “Falar em soberania hoje é diferente de falar há 20 anos. A realidade mudou. A história não volta para trás”, afirmou.
As prioridades para 2026 estarão concentradas no fortalecimento dos Grupos de Pesquisa, no avanço da cooperação internacional e a condução do processo de atualização do Programa Socialista do PCdoB.
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