Objetivo final da trama golpista, alijar o
ex-presidente da eleição de 2018. O impeachment é apenas uma passagem do
processo
Maurício Dias, na Carta Capital
Impossível imaginar que a
presidenta escape da decisão premeditada da maioria oposicionista no Senado para impedi-la e,
por ora, afastá-la da Presidência por até 180 dias.
É um engano pensar, porém,
nessa ausência como o princípio do fim de toda a manobra golpista.
Para o ingresso de alterações do percurso, há portas além daquelas do
Congresso.
Outras se abrem para
recursos legais ou, quem sabe, para a reação da voz das ruas. De todo modo, Dilma Rousseff
promete continuar. Tem dito e repetido: “Vou lutar para voltar ao governo”.
Para afastá-la, o golpe de
Estado desenrolado no Parlamento faz parte de um conjunto de medidas tramadas
pela
distribuídos para muito
além do próprio Congresso. Para tanto, a mídia nativa se oferece como o
instrumento mais afiado.
Dilma, de qualquer forma, não é o
objetivo primordial dos opositores. O ex-presidente Lula é o “xis” do golpe.
Ele é o fator obsessivo da perturbação dos adversários, e eleito
em 2018 detonaria a “ponte
para o futuro” que os arquitetos do PMDB pretendem construir à sombra da traição de Michel Temer.
De volta à Presidência, Lula
detonaria, obviamente, a tal ponte, ao retornar à pauta de 12 anos de governos petistas,
comprometidos com as necessidades dos cidadãos mais pobres. Nesse sentido, os
programas sociais dispensam apresentação e comparação. Eles existem e a população
os conhece. E, através deles, reconhece Lula.
Para tentar superar a estrondosa
liderança popular de Lula, os golpistas não hesitam em rasgar a Constituição.
Transitam até, sem o menor pudor, pela ilegalidade, como se deu largamente no
caso dos grampos telefônicos, sem a mais pálida
preocupação de verificar o que se relacionava com as investigações e com quanto
nada tinha a ver com elas. Chegou-se a registrar e divulgar conversas entre a
presidenta e o ex-presidente.
Sergio Moro, desatinado, apresentou desculpas ao STF. Mas não consta que o juiz em algum
momento tenha se ruborizado. Ele mesmo autorizou a condução coercitiva de Lula
para depor.
Valeria para o
ex-presidente ultrajado repetir trechos da Carta Testamento de Getúlio Vargas:
“A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela
malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática
e escandalosa”.
Ao assumir a sua
pré-candidatura à Presidência em 2018, Lula reagiu à perseguição golpista,
movida inicialmente a ódio de classe, urdida contra um ex-operário metalúrgico.
A partir desse momento, ele passou a viver sob a ameaça de prisão, por
acusações desprovidas de prova.
Mesmo após dois anos de
campanha martelante da mídia, desfechada com o transparente propósito de
estigmatizá-lo de vez, o ex-presidente ainda é o candidato preferido do eleitor
brasileiro.
Os adversários de Lula
vivem um dilema. Se ele não for preso, disputará a eleição em 2018 e pode ter
uma votação avassaladora. Mas pode ser pior se for preso. Criarão um mito.
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