No portal Vermelho
A presidenta nacional do
PCdoB, Luciana Santos, analisou o cenário político nacional nesta quarta-feira
(6) e comentou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco
Aurélio Mello, que determinou que a Câmara dos Deputados deve dar andamento ao
pedido de abertura de processo de impeachment contra o vice-presidente, Michel
Temer, e a imposição do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que anunciou que
vai entrar com o recurso contra a decisão.
Para
Luciana Santos, que é deputada federal, o presidente da Câmara deve seguir
o rito e aplicar a determinação da mais alta corte do país, o Supremo. Para
ela, no campo político, a medida enfraquece a perspectiva de poder da oposição
nesse ambiente de dura disputa. “Nossa leitura é que isso enfraquece a oposição
que apostava na posse do vice-presidente Temer como sucessor de Dilma, embora
ainda haja o objetivo de tirar a presidenta do governo”, explica.
A
presidenta do PCdoB disse que existe um processo que despontou com mais força a
partir do dia 31 de março, que envolve amplos setores da sociedade se
pronunciando contra o impeachment e reforçando o argumento de que como não se
ampara em bases legais e se fundamenta em questões evidentemente políticas,
esse processo configura-se como um golpe.
Crescente
consciência democrática - A dirigente comunista
chamou a atenção para um crescente quadro de consciência democrática
das pessoas que mesmo críticas ao governo, como personalidades artísticas e
parlamentares do Psol, se posicionam contra o impeachment. "Vai crescendo
a opinião que de fato é um golpe”, ressaltou Luciana.
Trabalhos
na comissão especial do impeachment - A
Comissão Especial que verifica a denúncia de crime de responsabilidade por
parte do governo federal continua o processo e escutando as partes. Na última
segunda-feira (4), o ministro José Eduardo Cardozo, da Advocacia Geral da
União, fez a defesa da presidenta Dilma Rousseff em uma apresentação muito
elogiada por refutar de forma consistente todas as questões apresentadas na
denúncia. Segundo a presidenta do PCdoB, a cada passo fica mais claro que
a questão não tem fundamentos jurídicos.
“O
argumento das pedaladas fiscais não se sustenta, as manobras para incorporar
denúncias políticas não foram acatadas; tecnicamente o impedimento não tem
sustentabilidade e politicamente vai se constituindo um impasse.”
Como
exemplo para a fragilidade do processo, mas também da complexidade do momento,
Luciana Santos aponta as recentes manifestações da oposição em pedir novas
eleições, como nova estratégia e as contradições que surgem ao analisar os
atores em cena. “Basta ver que Marina Silva, por exemplo, vai lançar ato
em defesa de eleições gerais e mesmo o paradoxo de se ter um presidente da
Câmara que é réu e que está conduzindo o processo de impeachment, entre tantos
outros denunciados, em detrimento de uma presidente a quem não se imputou
nenhum crime.”
Saída
do PMDB do governo - Luciana Santos analisou
ainda a saída do PMDB do governo. Ela define a medida como “um tiro no pé”. De
acordo com a presidenta do PCdoB, os desdobramentos da saída do partido com
mais espaço no governo Dilma revelou por um lado que o vice-presidente Michel
Temer não tem tanta força dentro do seu partido quanto acreditava, e por outro
lado expôs o perfil do PMDB que não é aceito pela sociedade como alternativa de
poder. “Inevitavelmente as pessoas olhavam para a foto e pensavam, como
externou o ministro do STF, se aquela era a única alternativa para o país.”
Para a
dirigente, todos os últimos fatos ajudam a aumentar a consciência política e
democrática do povo brasileiro. “Penso que todos esses fatos ajudaram a fazer
crescer o apoio da opinião pública. Hoje estão acontecendo tanto atos e
reuniões que a própria coordenação nacional em defesa da democracia não
consegue mais ter conhecimento de todas as atividades”, explica.
Sobre
perspectivas de futuro dentro de um presente tão incerto, a parlamentar defende
que sejam feitos novos pactos e que se formem novas alianças focadas no
desenvolvimento nacional, na superação da crise econômica e na defesa dos
direitos dos trabalhadores. “Esse debate precisa ser feito pensando em saídas,
em pactos que têm que se formar. Há muito impasse e para sair dele tem que
haver uma situação onde alguns setores se desloquem e se organizem em torno de
um objetivo comum, de um bem maior, pela superação desse ambiente de quanto
pior, melhor e pensando no melhor para o país e para o nosso povo.”
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