Percursos e medos que limitam a experiência de mulheres no centro do Recife
No site Arquitetas invisíveis
É sentença corriqueira em
estudos e pesquisas nacionais e internacionais que as mulheres sentem mais
medo que os homens no espaço público. O medo da violência para com elas ou
com os filhos ou mesmo a simples sensação de insegurança apresentam-se
como limitantes do uso de espaços públicos, acarretando em “normas” coletivas
femininas de horários e locais permitidos na cidade. Partindo do argumento
de que o medo pode ser visto tanto como uma questão social, mas também
espacial, elencou-se teóricos e estudiosos que produziram reflexões sobre
o medo no espaço público. Jane Jacobs (2000), Oscar Newman (1972), Bill
Hillier (1988) and Ray Jeffery (1971) e seus seguidores forneceram uma
rica discussão sobre a prevenção ao crime através do desenho urbano e o
aumento da sensação de segurança, consequente redução do medo do crime. De
modo geral, além das características ambientais do espaço, esses
autores relacionam a sensação de insegurança com a forma de uso do espaço
público: presença de vigilância (formal ou informal), atividades, manutenção e
fluxo de pessoas no espaço. Com o foco na mulher, RossanaTavares (2012),
Sônia Calió (1997), Gil Valentine (1989), Rachel Pain (2000) e Alice
Taylor (2011) entendem que o medo da mulher no espaço público é mais uma
expressão do patriarcado. Seja através do androcentrismo nos estudos e no
planejamento urbano, seja pela sensação de vulnerabilidade diante da
figura masculina, as experiências vividas ou informações secundárias, o
medo da mulher no espaço público é produto da relação de dominação dos
homens sobre as mulheres ainda hoje existente em nossa sociedade.
A dissertação de Mestrado da Arquiteta
e Urbanista Lúcia de Andrade Siqueira parte da hipótese de que a
experiência do medo da mulher no espaço público é influenciada pela
relação entre os aspectos espaciais e sociais do ambiente. Isto posto,
buscou-se compreender como se dá essa relação e como influenciam na experiência
do medo da mulher no espaço público através de exercício investigatório
que partiu de um arcabouço teórico internacional e nacional e a
contextualização através da investigação empírica no centro do Recife.
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