Eduardo
Bomfim, no portal Vermelho
A
votação na Câmara do impedimento do mandato da presidente Dilma revelou ao
Brasil cenas grotescas da maioria dos parlamentares usando o microfone com um
“sim” pela mulher, marido, família, o cachorrinho, etc.
Ficou óbvio, inclusive à mídia
internacional, que não se julgava o parecer do relator do processo, um
calhamaço de 500 páginas “escrito” em 24 horas, muito menos a defesa da
presidente pela Advocacia Geral da União.
Na verdade não se discutiu o
mérito do impedimento da principal mandatária do País eleita através do voto
popular, o mais grave dos preceitos inscritos na Constituição da República.
Sob o comando do presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, com vários processos de cassação, além de centenas de
parlamentares em idêntica situação, a opinião pública assistiu a um espetáculo
dantesco.
Porque admitia-se, como narrou a
mídia, em meio a palavrório de ópera bufa, a anulação de mais de 54 milhões de
votos, via a “garantia” de Eduardo Cunha de que eles estariam a salvo da perda
de mandatos e outros crimes que correm na justiça. Tudo isso contra uma
presidente sob a qual não pesa algum crime de responsabilidade.
Daí a indignação de milhões de
brasileiros, o constrangimento de outros tantos que na oposição perceberam o
esbulho que os moviam às ruas, à exceção dos assolados pelo ódio difuso, ou
aqueles de ideologia fascista como o deputado Bolsonaro.
O vice Temer arquiteta um
governo, ao lado de Cunha, em condição surreal. Não tem apoio de nenhum dos
lados em que se dividiu a nação, cuja autoria material foi da banca rentista da
Avenida Paulista com a mídia golpista que desde 1954 esmera-se na abjeta arte
da conspiração contra a democracia, os interesses nacionais.
Tal modelo de “primavera
colorida” bufa tem seguramente as digitais dos EUA. Logo saberemos de forma
documentada de sua participação.
O processo segue no Senado com
todas as instituições da República em crise profunda, a ameaça de um governo
fantoche sem credibilidade e base social, com a rejeição de juristas, intelectuais,
jornalistas, religiosos, organizações da sociedade civil etc.
A sanha golpista gesta um
imbróglio institucional, econômico dramático, faz com que vários procurem
alguma saída de emergência. Cabe aos democratas a luta pela legalidade, a
defesa da nação raras vezes tão ameaçada.
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