19 julho 2016

Alianças multifacetadas

A convergência possível
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Acontece no Brasil hoje algo que é comum na História: em ambiente de profunda crise — econômica, política, institucional —, as tensões se expressam em todas as esferas da vida.
Na política, sobretudo.
Que ocorra o embate de idéias e que seja tão intenso quanto a dramaticidade da situação, tudo bem.
É natural — e necessário. O conflito é a força motriz da sociedade humana.
Mas quando se trata do confronto de ideias nos marcos da convivência democrática, o respeito mútuo e a convivência com as diferenças são indispensáveis.
Porém, em grande parte, verifica-se o contrário. Há um nítido rebaixamento do debate, reduzido a raciocínios simplistas e a agressões verbais - em particular através das redes sociais. 
É como que supostamente tenha se dado a "revelação da verdade" e que fora dela nada se admita. Um tipo de fundamentalismo agora também na política.
Nesse contexto, a dinâmica da vida — apesar de tudo — mais uma vez se impõe.
É o caso das alianças partidárias tendo em vista o pleito de outubro. 
Não encontra guarida na realidade concreta a "tese" de que se deva estabelecer uma linha demarcatória entre partidos que se opõem firmemente ao impeachment da presidenta Dilma (PCdoB e PT principalmente) versus partidos cuja maioria dos seus parlamentares votou a favor do impeachment. 
Isto à revelia de uma espécie de “lei objetiva”, historicamente consignada em nosso país: o pleito municipal é essencialmente um fenômeno político local. As alianças se costuram em torno de proposições para o município e não em torno de opiniões acerca da problemática nacional.
Uma cena política multifacetada e que se expressa na quase totalidade das composições a serem celebradas nas convenções do final deste mês pelo Brasil afora.
Este fato político "óbvio ululante", diria Nelson Rodrigues, bate forte contra o sectarismo e a intolerância. Põe à margem do processo político real uns poucos que teimam em raciocinar de modo mecanicista, esquemático e isolacionista.
Um filme visto muitas vezes, aqui e alhures. E que volta às telas do primarismo político de modo reincidente, como que para alertar para a sua própria precariedade teórica e política.
A fotografia das coalizões eleitorais é muito semelhante em toda parte: a pluralidade política é a tônica.
Tomara que contribua para uma compreensão mais exata do evolver da luta política — para muito além das concepções reducionistas e das agressões pessoais.
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