Luciano
Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
Qualquer que seja a decisão final do Senado a propósito do impeachment da presidenta Dilma, o Brasil já não será o mesmo.
Qualquer que seja a decisão final do Senado a propósito do impeachment da presidenta Dilma, o Brasil já não será o mesmo.
Já não
é agora, como consequência do limite dramático a que chegou a crise política e
institucional; e em razão do conjunto das medidas regressivas adotadas, em
pouco mais de dois meses de interinidade, por Temer e seu bando.
As
transformações em curso desde 2003, nos dois mandatos do presidente Lula e no
primeiro mandato da presidenta Dilma, têm sido duramente impactadas, seja pelas
medidas regressivas do governo interino, seja pelo atraso que sofreram quanto a
uma necessária consolidação.
Nos
doze anos do ciclo mudancista, em que pesem inquestionáveis conquistas, não
foram alterados nem os fundamentos macroeconômicos da economia (de inspiração
neoliberal), nem a superestrutura jurídica estatal.
Esses
dois fatores de insuficiência, ao lado de outros tantos, contribuíram
fortemente para o poço em que afundou a economia tão logo se exauriram os
efeitos das políticas anticíclicas de curto prazo; e para o risco atual de
implantação do "Estado policialesco" que age como um dos vetores do
golpe institucional parlamentar-judiciário-midiático.
A vida
não costuma voltar atrás, feito vídeo tape, para corrigir erros e insucessos. O
mal está feito.
Assim,
na melhor hipótese da não consumação do impeachment e o consequente retorno de
Dilma ao posto, não haverá condições de governabilidade para estancar a sangria
promovida por Temer e retomar de imediato o ciclo de mudanças.
Daí a
necessidade de um entendimento nacional em torno de uma solução democrática
para crise, que não apenas possa respeitar a Constituição, como envolva a
ausculta da sociedade através do voto.
O
plebiscito sobre a antecipação das eleições presidenciais pode ser a fórmula
viável.
Para
tanto, um pronunciamento público da presidenta Dilma nesta direção é
indispensável, o quanto antes.
Demais,
põe-se também na ordem do dia a construção de uma nova plataforma capaz de unir
amplas forças políticas e sociais em defesa da retomada do desenvolvimento
econômico em bases soberanas e em favor de reformas estruturais de sentido
democratizante.
Isto
considerando as particularidades da nova situação, em especial a correlação de
forças momentaneamente adversa.
Na
hipótese de uma antecipação das eleições presidenciais, certamente a "mesmice"
teria enormes dificuldades para vencer.
Por
outro lado, uma conjugação de forças adequadamente matizada em função da
realidade atual — portanto, ampla e plural, impulsionada por um núcleo à
esquerda -, competiria com chances de êxito.
Em
termos imediatos, há que se prosseguir, nas redes e nas ruas, a resistência o
golpe e às medidas antipopulares adotadas por Temer e, concomitantemente, debater
os rumos do País.
Empreitada
hercúlea, em ambiente complexo e movediço.
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