Pernambuco se emocionou com a notícia da colação de grau de
Jonas Lopes da Silva, em medicina, pela Universidade de Pernambuco (UPE). O que
torna esse momento um motivo de comoção geral? Jonas, até os 15 anos, foi
cortador de cana. Confesso que li, entre lágrimas, o depoimento da mãe, que não
cabe em si de orgulho e alegria. Entre a família e os colegas acredito que
existem muitas histórias de superação, firmeza e coragem.
A luta dos estudantes se mostrou estratégica e fundamental,
diz Luciana
Luciana
Santos (*), no portal Vermelho
A vida de
Jonas, seus desafios e conquistas, são parte de um grande mosaico, do qual
gostaria de destacar algumas peças.
Há alguns
anos, a principal bandeira de luta do movimento estudantil em Pernambuco era a
gratuidade do ensino na UPE. Discussões, debates, mobilizações eram feitos. Em
2009, finalmente, a gratuidade foi conquistada. Eduardo Campos, governador na
época, disse que a medida era parte da derrota da ideologia neoliberal e do
fortalecimento da educação pública no Estado.
Testemunhei
e participei desse esforço como secretária de Ciência e Tecnologia e Meio
Ambiente. Avaliando a conquista da gratuidade antes de sair do governo, disse,
em uma aula magna, que desde os estágios mais primitivos da história o homem
sabe que se conhecer mais terá mais ferramentas para lidar com a realidade,
transformando-a. Essa convicção de conferir centralidade à educação guiou a
política da Sectma em minha gestão e promoveu mudanças estruturais que
permitiram avançar na ampliação de vagas e na garantia de acesso e permanência
nos cursos.
A luta dos
estudantes pela garantia da assistência estudantil, sobretudo moradias e
restaurantes universitários, se mostrou estratégica e fundamental.
Posteriormente, o Brasil viveu uma fase de expansão do ensino superior, a
partir do primeiro governo Lula. O número de matrículas passou de 3,5 milhões,
em 2002, para mais de 7,1 milhões em 2014. Os recursos para assistência
estudantil cresceram progressivamente, saindo de R$ 125 milhões, em 2008, para
R$ 1 bilhão em 2016. Também dobrou o número de municípios com instituições
federais, que saiu de 114 em 2003 para 237 em 2013.
Entre
outras peças, que incluem a dedicação do corpo docente da UPE, entre tantos
outros fatores diretos ou subjetivos, a história de Jonas foi sendo construída.
Fico feliz em me somar ao mosaico que aplaude a determinação e a vitória de
Jonas. E guardo a esperança de que, também ele, se torne uma pecinha
fundamental na história de outras pessoas que precisam, merecem e têm direito a
um país que garante oportunidades iguais para todos.
(*) Luciana
Santos é deputada federal por Pernambuco e presidenta nacional do PCdoB
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