Soberania tecnológica
Aldo Rebelo, no Vermelho
A ratificação da compra de 36 aviões de caça Gripen NG, que o governo
brasileiro celebrou esta semana na Suécia, dá sequência a uma política de
receber a tecnologia junto com a mercadoria. Ao Brasil já não satisfaz comprar
equipamentos de alto valor agregado encapsulados numa caixa-preta. No caso dos
caças suecos, assim como em outros contratos recentes, todo o processo de
produção será assimilado a partir da fabricação de aviões em Gavião Peixoto
(SP).
Se antes nos limitávamos a mandar pilotos aprenderem a conduzir os
aparelhos, hoje despachamos engenheiros que participam integralmente do
processo de produção e 46 deles já trabalham nos galpões da fábrica Saab. Uma
das razões para o Brasil escolher o Gripen, entre outros aviões de caça
igualmente adequados às nossas necessidades de defesa do espaço aéreo, foi que
os demais já estão prontos, enquanto a aeronave sueca evolui para uma nova
geração, e podemos participar da concepção à construção, até introduzindo
especificações de nosso interesse.
Toda uma cadeia produtiva se integra e desdobra em torno de um projeto
industrial dessa magnitude.
Empresas nacionais recebem e geram tecnologia e formam mão-de-obra
especializada, adquirindo conhecimento transferível a outros setores e
artefatos. Isso já acontece em parcerias com a Alemanha e no Programa de
Desenvolvimento de Submarinos, com participação da França, compartilhado em tal
amplitude que em pouco tempo poderemos projetá-los e fabricá-los sem colaboração
estrangeira.
A indústria aeronáutica é um setor cuja soberania podemos ampliar,
porque temos sólida tradição, que começou com Bartolomeu de Gusmão, criador do
balão, passa por Santos Dumont, inventor do avião, e se consolidou com os
institutos tecnológicos estatais que engendraram a Avibras e a Embraer. Hoje,
exportamos tanto jatos de passageiros como turboélices militares, projetando o
País num acirrado campo de alta tecnologia, antes restrito a meia dúzia de
países.
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