14 outubro 2015

No meio da crise, uma eleição municipal

Quem se precipita se arrisca

Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal NE10

No meio da crise, uma eleição no caminho. Uma coisa se embaralha com a outra – na realidade e na cabeça de quem planeja o pleito municipal vindouro.
Se assim é, não há como escapar à criteriosa consideração dos dois eventos. Mas há riscos que podem comprometer estratégias eleitorais.
O primeiro risco está na precipitação em tirar conclusões que a vida ainda não permite. Seja em relação ambiente no qual se dará a peleja, particularmente quanto aos humores do eleitorado – a depender, em grande parte de em que grau a economia volte a se aquecer, ou não. Seja quanto ao posicionamento das forças em presença: alianças se desenharão conforme o evolver dos acontecimentos.
Em âmbito nacional, o desenlace da quebra de braço entre golpismo versus legalidade democrática pode ser decisivo na conformação do cenário eleitoral logo em seguida.
O ajuste fiscal que aos trancos e barrancos segue, ainda que torpedeado pela oposição no Congresso Nacional e pelo mau humor midiático, para o governo representa uma manobra tática destinada a reequilibrar as contas públicas. Passageira. Datada.
Triunfando o golpe, entretanto, tucanos e aliados converterão o ajuste em política permanente – pois assim já disseram, com nitidez, economistas de suas hostes – com imensas consequências sociais e políticas.
Em outras palavras, há um imenso bode na sala da economia brasileira, travando o crescimento, forçando o desemprego e a inflação, gerando insegurança.
Se o bode permanece, o ambiente se agrava, inclusive o traço de rejeição aos políticos e ao voto.
Se o bode começa a ser retirado, ainda que lentamente, cada passo ganhará dimensão psicossocial proporcional à retomada de expectativas.
Renomado e insuspeito advogado de grandes empresas, Alexandre Bertoldi, sócio-gestor da Pinheiro Neto Advogados, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, reconhece os méritos dos governos Lula e Dilma quanto aos enormes ganhos sociais, diz-se liberal convicto, mas vê a necessidade de intervenção estatal na economia e a superação da crise pelo aborto da tentativa de impeachment - para assegurar o padrão de consumo recém-conquistado e lastrear a retomada do crescimento.
Ele reflete um pensamento que tem base ampla no empresariado que rejeita o caos e deseja o bom funcionamento da economia. Na contramão do noticiário catastrófico.
Por outro viés, o comportamento dos partidos políticos agora implicará desdobramentos no futuro imediato.
Pela sua base social, passarão pelo crivo da coerência – e perderão ou ganharão robustez.
Na concertação de alianças, roteiros pré-estabelecidos poderão se consolidar ou novos roteiros se imporão.
Isto posto, mesmo assim de modo algo simplificado, estamos diante de desafios estratégicos e táticos complexos.
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