Duas táticas da direita na luta pelo retrocesso
Luciano Siqueira,
no portal Vermelho
O jogo é pesado e tem motivações muito mais profundas do que o que aparece na superfície – que por si já tem o peso de cinquenta transatlânticos, a tentativa de interromper o mandato da presidenta Dilma.
O jogo é pesado e tem motivações muito mais profundas do que o que aparece na superfície – que por si já tem o peso de cinquenta transatlânticos, a tentativa de interromper o mandato da presidenta Dilma.
As mudanças
operadas no País nos últimos doze anos, se não superaram a enorme desigualdade
entre o povo e os que monopolizam a produção, a renda e a riqueza, apontam para
um projeto de desenvolvimento oposto ao que estava estabelecido quando Lula
derrotou Serra, em 2002.
Dali em diante, vem
se operando uma transição do modelo de desenvolvimento neoliberal e para o seu
inverso, ainda em construção.
Essa transição, o
PCdoB já advertia em sua 9a. Conferência Nacional, ocorrida em meados de 2003,
seria, como vem sendo, marcada pelo permanente conflito entre o velho, que se
pretende superar, e o novo que se deseja implantar e consolidar.
A correlação de
forças daria, como tem dado, o conteúdo e ritmo das transformações em curso,
inclusive implicando retrocessos temporários.
O pleito de 2012
resultou na quarta vitória do povo na disputa pela presidência da República,
mas também numa derrota expressiva quanto à composição da Câmara dos Deputados
e do Senado.
Essa contradição recebe
o tempero do agravamento da crise global, a que se ajunta a maior seca do
Nordeste nos últimos oitenta anos, a crise energética no Centro-Sul, a queda
brutal da arrecadação do governo federal, o rebaixamento dos preços das
commodities no mercado internacional e tantas outras variáveis negativas.
Mais: atrasos
estruturais da indústria nacional, carente de inovação que lhe assegure maior
produtividade e competitividade internacional e vítima de anêmica logística
interna.
De quebra, o ambiente social contaminado pelas denúncias de corrupção,
sobretudo pelos estragos causados pela polêmica Operação Lava Jato.
Nesse caldo de
cultura, proliferam os intentos da direita para abortar a transição ao novo
modelo e retroagir plenamente aos fundamentos neoliberais.
Para tanto, tucanos
e aliados, com participação direta do complexo monopolista midiático, utilizam
duas táticas em favor do retrocesso: a do golpe imediato, via impeachment; e a
de "fazer sangrar" o governo, inviabilizando-o, tendo em mira o
ambiente eleitoral da sucessão de Dilma.
O imediatista e
atabalhoado Aécio Neves e seu bando seguem a primeira tática; com a segunda
tática jogam o governador Geraldo Alckmin e grupos conservadores mais
consequentes.
A presidenta, o governo
e o partido hegemônico na coalizão governista enfrentam a luta - reconheçamos -
com exasperante precariedade. Acertos convivem com erros com frequência
inquietante.
Urge unidade e
coesão de forças mais avançadas, dentro e fora do governo, para que se encontre
a saída para a crise política - e assim, evitar o retrocesso.
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