O cidadão e o 'quarto poder'
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal NE10
Ainda é apenas um passo -
mas muito significativo porque representa a defesa do cidadão diante da mão
pesada do “quarto poder”.
A mídia, desde que quase
circunscrita às suas formas impressas, é assim considerada por deter influência
que se aproxima dos chamados três poderes da República – o Executivo, o
Legislativo e o Judiciário – no regime democrático.
O poder da mídia é
enorme, bem sabemos. Para o bem e para o mal.
Hoje, a mídia multifacetada
e sofisticada, com destaque para a TV e a internet, cumpre importante papel
como meio de informação e debate. E também não o cumpre, conforme os interesses
empresariais e de classe dos grupos que a monopolizam.
O cidadão se vê minúsculo
diante do poder da mídia. Seja no sentido de que só tem acesso à informação que
lhe impõem, seja por se encontrar vulnerável ao poder destruidor de reputações
que a mídia detém.
Denúncias de corrupção
supostamente praticada por esse ou aquele cidadão, ainda que não comprovadas,
em inúmeros casos são tratadas com status de verdade sem que o acusado possa
exercer o seu direito de defesa.
Frequentemente a noticia
se constrói apenas ouvindo “um lado”, desprezando-se as razões do “outro lado”.
Uma assimetria danosa ao
processo de formação da consciência social cidadã.
Daí a importância da
aprovação, ontem, pela Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei que regulamenta o direito de
resposta, tendo a deputada pernambucana Luciana Santos (PCdoB) como relatora. A
matéria retornará ao Senado para aprovação definitiva e, em seguida, à presidência
da República para sanção.
Em seu parecer, Luciana
mencionou o caso recente da técnica de enfermagem Michele Maximino, tida como a
maior doadora de leite do Brasil, que foi agredida pelo apresentador Danilo
Gentili, no programa de TV Agora é Tarde. Chamada de “vaca” e comparada
ao ator pornográfico Kid Bengala, Michele experimentou constrangimentos de tal
ordem que a fizeram mudar de residência do município de Quipapá, no interior
pernambucano, para outra cidade.
Ela mantinha um site
sobre doação de leite materno e se sentiu obrigada a retirá-lo da rede.
Agora, qualquer cidadão envolvido
que tenha a sua honra agredida por qualquer dos meios de comunicação terá o
direito de responder a uma notícia ou reportagem que o cita.
Assim, mais uma norma
constitucional, das mais de cem que aguardam regulamentação desde que
promulgada a Carta de 1988, poderá, enfim, ter eficácia.
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