Sem dispersão, todos juntos contra o golpe
Editorial do Vermelho
As forças mais conservadoras e reacionárias do país, ligadas ao
imperialismo e aos interesses dos grandes rentistas, se preparam para tomar o
poder contra o voto popular.
Essa não é uma suposição, mas uma campanha aberta, com todos os
requintes e detalhes que uma iniciativa desse tipo costuma ter. Estão
mobilizados abertamente articulistas da grande imprensa, juristas
conservadores, congressistas e até mesmo um simulacro farsesco de movimento
social.
Para além disso, eles já apresentaram o programa de seu governo
golpista. Como este portal demonstrou em uma série de matérias especiais, os
tucanos já afirmaram que privatizarão o que resta de empresas estatais,
entregarão o pré-sal, destruirão as garantias trabalhistas e acabarão com a
estabilidade do funcionalismo público, dentre outros ataques à nação e aos
trabalhadores.
Em resumo, a direita, de forma aberta e declarada, conduz um golpe e
apresenta um programa de liquidação nacional para o governo que dele se
oriunda.
Esse quadro de tremenda urgência impõe uma pauta praticamente única aos
setores democráticos: impedir o golpe e o programa de liquidação da nação.
Neste momento de crise extrema, de ameaça iminente, é preciso assertividade e
agudeza: evitar o golpe é a mãe de todas as batalhas.
Apesar desse estado de emergência, ainda há setores da esquerda que,
mesmo enxergando a ameaça do golpe, colocam a defesa do mandato da presidenta
em meio a um cipoal de reivindicações variadas. A luta contra o golpe acaba
sendo uma bandeira entre muitas, o que a enfraquece e a torna quase letra
morta.
A dura verdade dos fatos é que todas essas aspirações e reivindicações
parciais, embora justas, quando tiram a luta contra os golpistas do centro,
acabam por confundir o lado de cá e facilitar o trabalho do inimigo.
Durante a Revolução Russa de 1917, no período entre fevereiro e outubro,
quando ainda governava o reformista Kerensky, uma ameaça de golpe de direita
pairou no ar. O General Lavr Kornilov, impulsionado pelas forças mais
reacionárias do país, marchou contra o governo oriundo da revolução democrática
de fevereiro. Lênin, que até então fazia dura oposição ao primeiro-ministro
Kerensky, lançou uma palavra de ordem clara: “Com Kerensky, contra Kornilov”. A
posição dos bolcheviques, que detinham grande influência naquele momento, foi
decisiva para que o golpe da direita fosse desbaratado. Não fosse a clareza
tática do líder revolucionário russo, talvez a Revolução de Outubro não tivesse
sido vitoriosa.
Invocamos esse exemplo da história para dialogar com aqueles que têm
reservas ou mesmo que fazem uma oposição de esquerda ao governo Dilma. Este é o
momento no qual é preciso deixar as divergências em segundo plano diante da
ameaça golpista que paira no ar.
O nosso chamado é para que todos os que consideram a derrubada da
presidenta um golpe contra a democracia, por cima de qualquer outra
divergência, se unam em uma contraofensiva firme para derrotar o golpe.
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