Desmonte da Petrobras:
Ataque à indústria, à engenharia e ao emprego
Presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino avalia que a decisão
da Câmara que pôs fim à obrigatoriedade de a Petrobras ser operadora única do
pré-sal “contraria o interesse nacional”, em favor do capital estrangeiro. A
mudança soma-se à venda de ativos da estatal e ao esvaziamento da política de
conteúdo nacional, promovidos pela gestão Michel Temer. Para Celestino, o
desmonte atual da companhia trará prejuízos imensuráveis à indústria, à
engenharia e ao mercado de trabalho brasileiros.
Por Joana Rozowykwiat, no Vermelho
A Câmara dos Deputados concluiu na noite de quarta (9) a votação do projeto de Lei 4567/16, de autoria do senador licenciado e atual ministro das Relações Exteriores, José Serra, que altera as regras para a exploração de petróleo e gás natural do pré-sal.
A matéria extingue a atuação obrigatória da Petrobras em todos os consórcios formados para a produção nessas áreas, abrindo espaço para as empresas estrangeiras. O texto já passou pelo Senado e aguarda sanção do presidente Michel Temer.
De acordo com Pedro Celestino, a aprovação da medida retira da Petrobras seu histórico papel de indutora do desenvolvimento industrial brasileiro, responsável por uma cadeia de mais de 5 mil fornecedores nacionais e estrangeiros.
“Essa mudança de legislação, associada à política de desinvestimentos da Petrobras e ao abandono da política de conteúdo local - indispensável para fortalecer a nossa capacidade industrial - se insere em um quadro no qual o interesse nacional é deixado de lado em benefício de interesses estrangeiros”, diz, em entrevista ao Portal Vermelho.
O engenheiro defende que o Brasil, uma das dez maiores economias do mundo, não pode abrir mão de ter um projeto de desenvolvimento de interesse de seu povo. “O que se está a propor para o país é o abandono da sua indústria, de sua engenharia, dos empregos aqui gerados por essa indústria. Isso é o que está em curso no Brasil, motivo pelo qual o clube de engenharia se coloca frontalmente contrário ao que vem sendo feito nessa área pelo governo federal”, critica.
Segundo ele, os prejuízos para o país se projetam pelas próximas décadas, desestabilizando toda uma cadeia produtiva, que gera empregos no país e contribui para a arrecadação pública.
“Para se ter uma ideia, um exemplo são as empresas estrangeiras, como a General Eletrics a Halliburton e várias outras, que por aqui se instalaram, gerando empregos, pagando impostos, acreditando no mercado interno brasileiro, nas encomendas que teriam junto à Petrobras e outras petrolíferas privadas, por conta da política de conteúdo local. Elas investiram aqui. E, de repente, o governo diz que não precisa mais produzir nada aqui, o que vai fazer com que essas empresas fiquem sem encomendas aqui”, afirma.
Celestino lembra que, para agravar a situação, isso ocorre em um período de crise, em que há cerca de 12 mil pessoas desempregadas. “Então, num momento em que a economia está despejando mão de obra pelo ladrão, o governo decide abrir mão da política de conteúdo local. Então nós vamos gerar empregos na China? Isso interessa ao país? Claro que não”, condena.
Celestino é uma das muitas vozes que criticam a política de venda de ativos levada adiante pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente. Segundo ele, com o atual plano de desinvestimento, a estatal “abre mão do refino, dos combustíveis, de fertilizantes, de ser uma empresa de petróleo integrada, para se transformar em uma mera produtora de petróleo bruto de gás.”
Sob o comando de Parente, a Petrobras anunciou a meta de promover desinvestimentos da ordem de US$ 15,1 bilhões no período 2015-2016 e a previsão de levantar mais US$ 19,5 bilhões com venda de ativos entre 2017 e 2018. Até o momento, os negócios mais significativos foram a venda da participação no campo de Carcará no pré-sal e a venda de 90% da unidade de gasodutos Nova Transportadora Sudeste (NTS). A BR Distribuidora e a Liquigás, por exemplo, também fazem parte do pacote do desmonte e estão sendo negociadas.
“Eles estão vendendo, no escurinho do cinema, na bacia das almas, tudo que puderem aqui. Por que eles não colocam os ativos do exterior à venda para fazer caixa e preservam o que se construiu aqui ao longo de mais de 60 anos de sua história? É porque eles estão mesmo a serviço do desmonte da Petrobras, eles não têm compromisso com o Brasil”, avalia Celestino.
Segundo o presidente do Clube de Engenharia, o governo conta com o apoio da mídia na tarefa de “esquartejar” a Petrobras. “É uma mídia subordinada aos interesses do capital financeiro internacional. A mídia brasileira é monopolista e veicula um samba de uma nota só. A opinião da mídia é historicamente contrária ao interesse nacional. (...) A narrativa que propõe é a de transformar o Brasil em uma imensa colônia exportadora de proteínas vegetais e animais e minérios. E importando tudo do exterior”, aponta.
Em vídeo publicado pela Agência Petroleira de Notícias, Celestino destaca ainda que todo esse processo envolvendo a petroleira nacional faz parte do desmonte do Estado em curso. “Dizem que a empresa está quebrada, mas, ao mesmo tempo, ela investe US$ 1 bilhão na Bolívia. Que quebra é essa? Ela entrega Carcará, um dos melhores campos do pré-sal, ao capital estrangeiro e, ao mesmo tempo, vai investir no exterior? ”, questiona.
O Clube de Engenharia realizou nestas quinta e sexta-feira o seminário “O Petróleo, o Pré-Sal e a Petrobras”. Entre os temas abordados estavam a situação financeira da estatal, a política de conteúdo local, as perspectivas para o papel do petróleo nos próximos anos e os impactos da Operação Lava Jato nas empresas de engenharia. O evento foi gravado e pode ser assistido aqui.
A Câmara dos Deputados concluiu na noite de quarta (9) a votação do projeto de Lei 4567/16, de autoria do senador licenciado e atual ministro das Relações Exteriores, José Serra, que altera as regras para a exploração de petróleo e gás natural do pré-sal.
A matéria extingue a atuação obrigatória da Petrobras em todos os consórcios formados para a produção nessas áreas, abrindo espaço para as empresas estrangeiras. O texto já passou pelo Senado e aguarda sanção do presidente Michel Temer.
De acordo com Pedro Celestino, a aprovação da medida retira da Petrobras seu histórico papel de indutora do desenvolvimento industrial brasileiro, responsável por uma cadeia de mais de 5 mil fornecedores nacionais e estrangeiros.
“Essa mudança de legislação, associada à política de desinvestimentos da Petrobras e ao abandono da política de conteúdo local - indispensável para fortalecer a nossa capacidade industrial - se insere em um quadro no qual o interesse nacional é deixado de lado em benefício de interesses estrangeiros”, diz, em entrevista ao Portal Vermelho.
O engenheiro defende que o Brasil, uma das dez maiores economias do mundo, não pode abrir mão de ter um projeto de desenvolvimento de interesse de seu povo. “O que se está a propor para o país é o abandono da sua indústria, de sua engenharia, dos empregos aqui gerados por essa indústria. Isso é o que está em curso no Brasil, motivo pelo qual o clube de engenharia se coloca frontalmente contrário ao que vem sendo feito nessa área pelo governo federal”, critica.
Segundo ele, os prejuízos para o país se projetam pelas próximas décadas, desestabilizando toda uma cadeia produtiva, que gera empregos no país e contribui para a arrecadação pública.
“Para se ter uma ideia, um exemplo são as empresas estrangeiras, como a General Eletrics a Halliburton e várias outras, que por aqui se instalaram, gerando empregos, pagando impostos, acreditando no mercado interno brasileiro, nas encomendas que teriam junto à Petrobras e outras petrolíferas privadas, por conta da política de conteúdo local. Elas investiram aqui. E, de repente, o governo diz que não precisa mais produzir nada aqui, o que vai fazer com que essas empresas fiquem sem encomendas aqui”, afirma.
Celestino lembra que, para agravar a situação, isso ocorre em um período de crise, em que há cerca de 12 mil pessoas desempregadas. “Então, num momento em que a economia está despejando mão de obra pelo ladrão, o governo decide abrir mão da política de conteúdo local. Então nós vamos gerar empregos na China? Isso interessa ao país? Claro que não”, condena.
Celestino é uma das muitas vozes que criticam a política de venda de ativos levada adiante pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente. Segundo ele, com o atual plano de desinvestimento, a estatal “abre mão do refino, dos combustíveis, de fertilizantes, de ser uma empresa de petróleo integrada, para se transformar em uma mera produtora de petróleo bruto de gás.”
Sob o comando de Parente, a Petrobras anunciou a meta de promover desinvestimentos da ordem de US$ 15,1 bilhões no período 2015-2016 e a previsão de levantar mais US$ 19,5 bilhões com venda de ativos entre 2017 e 2018. Até o momento, os negócios mais significativos foram a venda da participação no campo de Carcará no pré-sal e a venda de 90% da unidade de gasodutos Nova Transportadora Sudeste (NTS). A BR Distribuidora e a Liquigás, por exemplo, também fazem parte do pacote do desmonte e estão sendo negociadas.
“Eles estão vendendo, no escurinho do cinema, na bacia das almas, tudo que puderem aqui. Por que eles não colocam os ativos do exterior à venda para fazer caixa e preservam o que se construiu aqui ao longo de mais de 60 anos de sua história? É porque eles estão mesmo a serviço do desmonte da Petrobras, eles não têm compromisso com o Brasil”, avalia Celestino.
Segundo o presidente do Clube de Engenharia, o governo conta com o apoio da mídia na tarefa de “esquartejar” a Petrobras. “É uma mídia subordinada aos interesses do capital financeiro internacional. A mídia brasileira é monopolista e veicula um samba de uma nota só. A opinião da mídia é historicamente contrária ao interesse nacional. (...) A narrativa que propõe é a de transformar o Brasil em uma imensa colônia exportadora de proteínas vegetais e animais e minérios. E importando tudo do exterior”, aponta.
Em vídeo publicado pela Agência Petroleira de Notícias, Celestino destaca ainda que todo esse processo envolvendo a petroleira nacional faz parte do desmonte do Estado em curso. “Dizem que a empresa está quebrada, mas, ao mesmo tempo, ela investe US$ 1 bilhão na Bolívia. Que quebra é essa? Ela entrega Carcará, um dos melhores campos do pré-sal, ao capital estrangeiro e, ao mesmo tempo, vai investir no exterior? ”, questiona.
O Clube de Engenharia realizou nestas quinta e sexta-feira o seminário “O Petróleo, o Pré-Sal e a Petrobras”. Entre os temas abordados estavam a situação financeira da estatal, a política de conteúdo local, as perspectivas para o papel do petróleo nos próximos anos e os impactos da Operação Lava Jato nas empresas de engenharia. O evento foi gravado e pode ser assistido aqui.
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