Acusação contra Geddel é grave e joga
crise no colo de Temer
Leandro Colon,
Folha de S. Paulo
É grave a acusação de Marcelo Calero contra o ministro Geddel Vieira Lima
(Secretaria de Governo) publicada na edição deste sábado (19) da Folha.
Diante das
declarações do ministro da Cultura, que anunciou na sexta (18) sua saída do cargo, o presidente Michel Temer tem
duas alternativas: ignorá-las e aceitar as justificativas de Geddel, ou demitir
uma figura do núcleo duro de sua gestão.
A demissão
de Calero deixou de ser uma mera divergência interna, como tentou transparecer
o Planalto na sexta. Os motivos de sua saída são muito mais sérios do que se
imaginava.
As duas
medidas desgastam o governo. Segurar Geddel, acusado por Calero de pressioná-lo
para favorecer interesses pessoais, joga para dentro do Planalto uma crise
inesperada.
Uma crise
inconveniente para Temer pelo fato de Geddel ser estratégico como articulador
político nas negociações com o Senado para aprovar a PEC do teto de gastos
públicos, carro-chefe do governo para tirar a economia do buraco em 2017.
A segunda
possibilidade para o presidente é controlar a turbulência imediatamente, tirar
Geddel, mas ao mesmo tempo admitir que um dos seus principais assessores de
confiança atuou para se beneficiar pessoalmente. É crise do mesmo jeito.
Na
entrevista a Natuza Nery e Paulo Gama, Calero fornece detalhes da pressão que
teria sofrido por parte de Geddel.
Segundo
ele, o ministro o procurou por cinco vezes para que intercedesse na aprovação
do projeto imobiliário La Vue Ladeira de Barra, em Salvador, sob avaliação do
Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), órgão
subordinado ao Ministério da Cultura.
De acordo
com Calero, o ministro afirmou ser proprietário de um apartamento no complexo.
"E aí, como é que eu fico nessa história?", teria dito Geddel.
Calero
afirma que Geddel agiu de maneira "truculenta e assertiva", tendo
feito uma ameaça ao colega de Esplanada: "Se for o caso eu falo até com o
presidente da República".
O ministro
da Cultura foi o quinto a deixar o governo desde que Temer assumiu a
presidência, em maio.
Antes
deles, saíram Romero Jucá (Planejamento), Fabiano Silveira (Transparência),
Henrique Alves (Turismo) e Fábio Osório (Advocacia-Geral da União).
Geddel será
o sexto? A decisão está nas mãos de Temer ou do próprio Geddel
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